Januário Torgal Ferreira

Entrevista conduzida por Batista-Bastos -  "Público" (1994)

ENTREVISTA COM JOÃO COITO


João Coito, o jornalista apanhado na tormenta
"Estamos a Ser Governados Pelos Netos de Salazar"
 
Fala com o sotaque das Terras Altas e, por vezes, ao recuperar imagens felizes, pressentir rostos antigos, rever episódios memoráveis, desvelar a dimensão mítica das amizades, a voz fica-lhe trémula. João Coito impõe-se à nossa estima pela desenvolta higiene moral, e ao nosso respeito porque é um dos grandes jornalistas portugueses. Não oculta os seus verdetes, não esconde as suas admirações, não dissimula os seus desprezos. Para este homem, a honra não está dependente das contingências: é um exercício natural, associado à integridade. Eis porque João Coito nunca foi dúplice; eis porque se mantém fiel às suas convicções; eis porque nunca traiu ninguém. Apanhado na tormenta, foi vítima da iniquidade dos julgamentos momentâneos, e da perversidade de alguns dos que considerava amigos. "Tive uma certa alegria com o 25 de Abril", dir-me-á. Mas há no registo da voz a nota de uma triste desolação.


As cartas do tempo jogavam contra este homem generoso, um pouco ingénuo, de riso claro e verbo fértil, que tantas vezes acorreu em auxílio de companheiros desamparados. Foi culpado de quê? De ter princípios, de ter ideais, e de não abjurar deles. É evidente que João Coito, 71 anos, não aceita o veredicto com resignada complacência. A dor que sente desafia todas as atenuantes e recusa o aparente lenitivo da compaixão. Banir este jornalista da imprensa foi um escândalo. Porque no cardápio de Abril o prato mais apetitoso era o da liberdade. A liberdade de darmos a liberdade a todos.
P. - Onde estava no 25 de Abril ?
R. - A caminho de Paris. Ia fazer a reportagem das eleições francesas. Os concorrentes eram o Giscard d' Estaing e o François Mitterrand. Estava numa cidade suíça com uns amigos, porque saí de Portugal uns dias antes e tínhamos feito uma viagenzita. A mulher desse meu amigo ouviu o noticiário da rádio, que falava no Spínola e em "Lisbonne", e, alarmada, disse que se passava qualquer coisa em Lisboa. Telefonei para o "Diário de Notícias" e, para meu espanto, encontro lá o Fernando Fragoso, que, na época, era o director do jornal. Ele sofria do coração, era estranho estar lá de manhã. Disse-me que havia uma revolução na rua e para voltar imediatamente. Quando cheguei a Madrid, a fronteira estava fechada. Mas, depois, soube que a equipa do Sporting ia entrar por Elvas, pelo Caia. Vim atrás deles. A minha primeira impressão do 25 de Abril foi ver os soldados, na fronteira, encostados a um muro, com a espingarda ao ombro e com um cravo no cano. De resto, não notei nada de especial. Almocei na pousada de Elvas, as pessoas olhavam para mim com certa curiosidade...

P. - Porque você aparecia na televisão quase diariamente.
R. - O normal era ir à RTP uma vez por semana, a um programa chamado TV Sete , em que fazia a parte nacional, e a parte internacional era feita pelo Artur Anselmo. E éramos os dois apresentados pela Maria Elisa. Ela era uma figura muito discreta, muito humilde, muito simples e simpática. A maior parte das minhas intervenções na televisão eram a favor dos humildes, dos que não tinham casa, dos que tinham reformas baixas. Havia gente que até julgava que eu me tinha casado com uma sobrinha ou uma afilhada do Salazar. Porque, para dizer aquelas coisas, tinha que ter as costas quentes.

P. - Você era, como se dizia, "a face simpática do salazarismo e do marcelismo"...
R. - Não sei se era a face simpática. Sei que ia ali e dizia aquilo que sentia. Devo dizer-lhe que tinha uma certa admiração pelo Salazar, pela maneira como ele se comportava, pela defesa dos interesses de Portugal e pela maneira como falava, até pela maneira como se mantinha discreto. Quando ia à televisão, punha-me no lugar do leitor de jornais, do cidadão vulgar. Nunca mais me esqueço de que, um dia, li num jornal da província a história de uma senhora da Covilhã que tinha recebido do filho, que estava a lutar em Angola, uma carta pelo Natal, com 100 angolares. Essa senhora, muito humilde, foi no dia seguinte ao Banco, a fim de trocar a nota. Disseram-lhe que não tinha cotação, não servia para nada. E eu terminava a crónica na televisão com estas palavras, que nunca esqueci: "Por que terras e por que gentes se anda a bater o meu filho?" Isto causou um grande espanto em todo o país e toda a gente se interrogou "Como é isto? Como é que isto pode ser?"

(Tem 71 anos, e 53 de jornalismo. Na rua, as pessoas reconhecem-no ainda e cumprimentam-no com extrema cordialidade. Tínhamos almoçado e, agora, caminhávamos pela Avenida da Liberdade. "Você já reparou que estamos a ser governados pelos netos de Salazar? Aliás, quando olho para esta direita, sinto-me torto." Manifesta uma discreta nostalgia quando refere as redacções dos jornais, o cheiro das tintas, o ratatã das rotativas, os bares, as infindáveis noites no Parque Mayer, os jogos de póquer, os uísques. "Não escondo que tenho saudades de muitas coisas. Por exemplo, tenho saudades do Ultramar. Mas as coisas são o que são, embora pudessem ter sido diferentes, muito diferentes." Caminhámos na tarde. Caminhámos demoradamente. A amizade tem o direito de governar o tempo e até de o demorar, acaso o tempo esteja apressado.)

P. - Há um mundo que morre com o 25 de Abril?
R. - Pelo menos o meu mundo morreu. Hoje toda a gente diz que sabia do 25 de Abril. Acho isto esquisito, porque eu vivia o dia-a-dia dos jornais e não sabia de nada. Lembro-me de o Spínola ter publicado aquele livro, "Portugal e o Futuro", e de eu ter escrito uma crónica para a televisão com as minhas impressões de cidadão vulgar, achando que um general que era governador e comandante-geral da Guiné, ao editar aquele livro, duvidava do futuro de Portugal no Ultramar. Punha em causa toda aquela tese defendida pelo Estado Novo, pelo Marcello Caetano. Como é possível? Há qualquer coisa que não bate certo.

P. - E as repercussões dessa sua crónica?
R. - O Ramiro Valadão, presidente do conselho de administração da RTP, um espertalhão, que tivera conhecimento da crónica, antes de eu a ler na televisão, deve ter dito ao Marcello Caetano. O Marcello Caetano pediu-me para ir a casa dele, em Alvalade, e fui lá. Foi pouco depois do 16 de Março. Fui para sala, que tinha portas de correr, e havia uma frinchazinha e eu, claro, como jornalista, ouvi falar lá dentro e fui espreitar. Confesso, é um pecado, a curiosidade. Eram momentos complicados da vida nacional. Você sabe quem estava a falar com o Marcello Caetano naquela altura? O Moreira Baptista e o Afonso Marchueta. Pensei: ó diabo, Portugal está assim neste estado? Com quem o Marcello Caetano se aconselha! Achei aquilo um bocado esquisito.

P. - Porquê? O Moreira Baptista era ministro do Interior e o Marchueta era governador civil de Lisboa.
R. - Mas eu não os considerava, sobretudo ao Marchueta, pessoas avisadas nestas matérias e complicações. Depois fui recebido pelo Marcello Caetano, que me pediu para não ler aquela crónica na televisão. Perguntei-lhe porquê. Ele disse-me: "Este Spínola está convencido de que Portugal é a Guiné e de que os problemas em Portugal se resolvem na Guiné. Portugal e a Guiné são diferentes." Mas volta não volta interrompia o seu discurso, a sua fala, com esta expressão: "Mas eu não quero fazer sangue!" Eu, atónito, aparvalhado, ficava a olhar para ele, e dizia-lhe: "Mas, sr. presidente..." E ele interrompia: "Não quero fazer sangue, não quero fazer sangue!" Aquela frase ficou-me nos ouvidos. Ele não quer fazer sangue porquê? O que é que havia? E quando saí de lá não fazia a mínima ideia do que se passava. Quando aconteceu o 25 de Abril, então, fiquei com a explicação do que queria dizer aquela frase: "Não quero fazer sangue!" Porque não tenha ilusões, muito pouca gente sabia do 25 de Abril. Havia os conjurados, com certeza, havia esses capitães que se tinham reunido para preparar o 25 de Abril. Foi uma revolta corporativa. O que eles queriam era um aumento de pré. Aproveitaram o ensejo e fizeram uma autêntica revolução.

P. - Bem organizada, no seu entender?
R. - Na madrugada de 24 para 25, o director do jornal "O Século", o Manuel Figueira, ia para casa e passou ao pé da Emissora Nacional, hoje RDP. Reparou que havia uns soldados a subir pelas paredes acima. Ficou intrigado, chegou a casa e, como era amigo do Moreira Baptista, com quem toda a gente se dava, até mesmo gente da oposição, como o Raul Rego e o Norberto Lopes, telefonou-lhe e disse-lhe: "Ó dr., há qualquer coisa esquisita. Olhe que passei ao pé da Emissora Nacional e vi uns soldados a marinhar por ali acima. O que é que se passa?" "Não há nada, não há nada. Isso deve ser um exercício militar." Isto dito pelo ministro do Interior e da PIDE.

P. - Acha que uma situação como aquela em que vivíamos antes de Abril era suportável e, até, sustentável ?
R. - Acho que o prof. Marcello Caetano estava a tornar a situação absolutamente sustentável e absolutamente simpática e afável.

P. - Mas com a censura, a polícia política e as guerras coloniais?...
R. - A censura estava mais benévola. Lembro-me de colegas meus que refilavam e que barafustavam e que até telefonavam ao Marcello Caetano, e este deixava sair os textos. A censura era uma censura militar. Não se esqueça disto: os militares é que fizeram o 28 de Maio e o 25 de Abril.

P. - Continua a ter admiração pelo Salazar e pelo Marcello Caetano?
R. - Sim. Tenho uma grande admiração intelectual pelo Salazar. A qualidade que mais admirava no prof. Marcello Caetano era a sua humanidade. Era, de facto, um homem vulgar, mas excepcionalmente inteligente e arguto. Sabia a carga que tinha recebido do prof. Salazar, mas não sabia como é que havia de resolver os problemas.

P. - Mas continuava a PIDE, você tem de admitir isso, e que havia pessoas a serem torturadas.
R. - Não sei se havia pessoas a serem torturadas. Eu não concordo, evidentemente, com as torturas, com a violência. O Marcello Caetano, no fundo, também não devia concordar com isso.

P. - Ficou assustado quando soube que o 25 de Abril tinha conexões com a esquerda?
R. - Não. É curioso, mas vou-lhe confessar que tive uma certa alegria quando soube a história do 25 de Abril. Quase todos os anos, ia a Paris fazer a reportagem das eleições francesas, e ficava admirado de como é que os franceses se comportavam, em época de eleições, com os partidos, com aquela liberdade que eles tinham para se exprimir. Digo isto com uma certa inveja. Por vezes, dizia a colegas que iam comigo: "Seria formidável que isto acontecesse em Portugal."

P. - Então, você é um democrata.
R. - Sempre fui um democrata. Mas poderia ser outra coisa. Eu era uma pessoa modestíssima, filho de gente muito pobre. Muitas vezes, dizia que, se fosse coerente comigo próprio, seria membro do Partido Comunista.

P. - Nesses dias de brasa, teve contactos com membros do Governo que caíra?
R. - Não. Depois do 25 de Abril, durante os primeiros tempos, fui a Madrid, e encontrei hospedado, numa daquelas pensões de prostitutas, o dr. Lino Neto, que era ministro da Saúde, salvo erro, do Marcello Caetano. Isso fez-me uma impressão tremenda, porque era um tipo que não tinha posses para mais, e estava ali, a passar aquele tempo.

P. - Que contas tem a ajustar com a Revolução?
R. - Perdi a minha profissão. Era chefe de redacção do "Diário de Notícias", na altura. Ainda estive lá uns dias, depois do 25 de Abril, recebi duas manifestações de apreço que nunca mais me esqueço: uma do dr. Raul Rêgo, que já estava na comunicação social e me telefonou para o jornal, a dizer que me considerasse seguro, porque sempre fora um camarada exemplar, um amigo, e que nada receasse. A outra, do capitão António Ramos, que foi ajudante-de-campo do Spínola. Um dia, ele foi ao "Diário de Notícias", fardado, puxou da pistola, pô-la em cima da mesa e disse: "João Coito, é para que estes malandros vejam que você está seguro e que não há ninguém que o consiga tirar daqui!"

P. - Quem eram "estes malandros"?
R. - Eram alguns tipos que já se tinham declarado comunistas, outros socialistas. Com sabe, dentro do "Diário de Notícias", havia muitas pessoas que não concordavam com a situação anterior e que eu compreendia perfeitamente. Como chefe de redacção, até evitava marcar serviços que colidissem ou beliscassem a sua maneira de ser. Olhe, a Manuela de Azevedo, que toda a gente sabia que era contra o Estado Novo, o dr. Manuel L. Rodrigues, democrata, que chefiava a secção de Estrangeiro, e outros...

P. - Que esperava do 25 de Abril?
R. - Esperava que, quando li o programa do MFA, isto ia mudar para melhor. Ia haver liberdade. Você sabe que não há jornalista no mundo que se preze que defenda a censura. Quando fiz a campanha para presidente do Sindicato Nacional dos Jornalistas, que ganhei, uma das coisas por que me bati foi a extinção da censura, o que era uma coisa espantosa, já na altura.

(Conta-me: um dia, num banquete, Mário Soares aproximou-se-lhe: "Ó homem, que é feito de si, que há muito tempo o não vejo?" João Coito lá respondeu, com tímida moderação. Exuberante, sorridente, Soares pegou-lhe no braço: "Ora bem, sente-se aqui, à minha esquerda!" E não pararam de conversar. Dir-me-á João Coito: "Sinto agora remorsos de ter escrito tantos artigos agressivos, às vezes mesmo violentos, contra ele. Tantas vezes somos transportados pelas emoções, e calamos a voz da razão, tantas vezes..." Uma perceptividade clara que lhe molda o carácter. E a noção de que o juízo de alguns, ou de ele próprio, não chega para fazer o juízo de todos. Nos artigos que tem escrito, nem sempre João Coito é justo. Mas, na verdade, ninguém é justo quando arrisca uma opinião.)

P. - Você cortou relações com alguém, por imperativos de ordem moral ou ideológica?
R. - Não. Nunca cortei relações com ninguém, fui sempre amigo do meu amigo e prezei sempre todos os camaradas. Embora tenha havido alguns que se comportaram de uma maneira muito triste, quando fui saneado do "Diário de Notícias". Houve um colega nosso, que já morreu, e por quem me bati para ele entrar para o "Diário de Notícias". A administração não queria, o Ulisses Cortês punha dificuldades, o Fernando Fragoso também não o olhava com bons olhos, mas, por fim, consegui demovê-los e consegui que ele entrasse para o "Diário de Notícias". E, dias antes do 25 de Abril, fui eu que lhe dei a notícia de que ia entrar para o "Diário de Notícias". Como o "Diário de Notícias" era uma espécie de reforma em vida, ele ficou satisfeitíssimo. Dá-se o 25 de Abril, ainda lá fico uns dias, depois sou saneado em circunstâncias muito tristes, por uma pessoa que foi governador civil de Lisboa, o dr. José Manuel Duarte, que até é cunhado do dr. Mário Soares. Esse senhor chamou-me ao gabinete e disse-me que, por vontade dos trabalhadores do jornal, eu tinha de ser afastado do "Diário de Notícias". Disse-lhe: "Como é que é possível, sr. dr.? Tenho aqui uma carta no bolso, assinada por todos os redactores do jornal, a exigirem a minha presença no 'Diário de Notícias'?" E ele disse-me: "Ah, mas não são esses, são os do Anuário." "Do Anuário? Nunca fui ao Anuário, nem sabia que o 'Diário de Notícias' tinha um Anuário."

P. - O Anuário Comercial de Lisboa, cuja empresa pertencia ao "Diário de Notícias".
R. - Exacto, mas nunca conheci o Anuário. Era um subterfúgio, uma maneira de correrem comigo, porque não gostavam de mim. Eu tinha um nome muito ligado ao antigo regime e não lhes convinha manter o João Coito.

P. - Você é saneado por uma decisão do José Manuel Duarte?
R. - Não. Entrou, na altura, uma pessoa para a direcção do "Diário de Notícias", uma pessoa que eu respeitava muito e de quem fui até admirador e amigo, o dr. José Ribeiro dos Santos, que levou consigo um senhor chamado José Carlos de Vasconcelos, que eu conhecia bem. Foram eles que me afastaram do meu trabalho. Afastam-me, e quem põem, em meu lugar, como chefe de redacção do "Diário de Notícias"? Precisamente esse indivíduo por quem eu me tinha batido para que entrasse no jornal.

P. - Quem era?
R. - Como já morreu, posso dizer-lhe o nome. Era o Manuel Silva Costa.

P. - A partir do seu saneamento, em 1974, como é que subsistiu? Como é que você viveu?
R. - À custa da minha simpática mulher, que tinha uns certos haveres e que me tem sustentado até hoje. Sabe qual é a minha reforma? Até me envergonho de dizer: 90 contos. Há-de concordar comigo nisto: como é que alguém como eu pode dizer bem do 25 de Abril, se comecei a trabalhar e a descontar para a Previdência em 1946, preenchendo e ocupando todos os lugares, desde revisor, repórter-informador, repórter, redactor, subchefe e chefe de redacção, director, e receber de reforma 90 contos, quando, hoje, há aí uns tipos que se reformam por qualquer motivo e auferem 500, 600, 700 contos mensais? Às vezes, nem sequer sabem escrever o próprio nome! Não me faça falar mais...

P. - Os seus artigos n' "O Diabo" são pagos, ou escreve por simpatia?
R. - Ligeiramente pagos. Acho que "O Diabo" não me pode pagar mais, é um jornal de pouca tiragem. O que recebo hoje é o mesmo de há três anos Dá para pagar um almoço bem servido.

(Um homem não é só feito daquilo que aceita ou que recusa. É, sobretudo, o resultado de reprovações e apoios, em ambos os casos, muitas vezes, pouco tranquilizadores, pelo que relevam de má consciência. João Coito nunca foi candidato a coisa alguma, era partidário (ainda o é) de um determinado sistema de ideias e viveu numa época em que ninguém podia escrever aquilo que os políticos não ousavam afirmar, ou aquilo que os políticos executavam. Foi envolvido no turbilhão. Foi apanhado na tormenta. O que queria era fazer jornalismo, fazer jornais, escrever nos jornais, completar-se na liberdade. Dirá: "Na liberdade prometida por Abril e que não foi cumprida por Abril. Onde está a liberdade?")