"Engenheiro, ensaísta de fundo, governante efémero, jornalista acidental, estudioso do capitalismo português, fundador do MES, amante da igualdade e da liberdade, independente contumaz, marxista heterodoxo, sartriano revolucionário e radical."
Excerto de:
O radical que gostava de compreender as coisas
In: Público 15.11.2008
José Vítor Malheiros
I N V E N T Á R I O D E E S P Ó L I O
Desde 2012 e com ajuda da família, o arquivo tem vindo a ser organizado com vista à produção de um inventário preliminar e pode ser consultado a pedido.
À medida que o trabalho de descrição arquivística for decorrendo iremos dando notícia e colocando online, quer o quadro classificativo em permanente actualização, quer as Secções e Séries já descritas.
Ficha de Fundo
[Produtor]
A documentação descrita no Inventário que se seguirá foi produzida e/ou reunida por João Martins Pereira.
[Resenha Biográfica]
O radical que gostava de compreender as coisas
In: Público 15.11.2008
José Vítor Malheiros
Engenheiro, ensaísta de fundo, governante efémero, jornalista acidental, estudioso do capitalismo português, fundador do MES, amante da igualdade e da liberdade, independente contumaz, marxista heterodoxo, sartriano revolucionário e radical.
Descobriu o que era esquerda e direita no final dos anos 50, "à custa da guerra da Argélia", durante uma estadia de dois anos na Alemanha, onde esteve a frequentar um estágio profissional que o iria preparar para dirigir um alto-forno na Siderurgia Nacional. Não que a guerra da Argélia marcasse particularmente o dia-a-dia na Alemanha - ou na Áustria, onde também esteve durante o mesmo período - mas porque foi aí, na livraria francesa de Dusseldorf, que descobriu a leitura do Express, do France Observateur (depois Nouvel Observateur) e dos Temps Modernes de Jean-Paul Sartre, que se manterá para sempre como uma referência central, a sua "única família" política. É o próprio João Martins Pereira que conta assim a sua descoberta da esquerda na entrevista que concedeu à sua amiga Maria João Seixas na revista PÚBLICA de 1 de Abril de 2001.
Referência incontornável da esquerda portuguesa que viveu os anos 60 e 70, pensador inconformista de uma política que entendia como algo que tinha o dever de "reduzir as desigualdades e alargar o leque de escolha das pessoas, a liberdade", João Martins Pereira, engenheiro de formação, engenheiro fabril e de projecto de profissão, ensaísta de fundo, governante efémero, jornalista acidental, estudioso da história do capitalismo português e de economia industrial, investigador desse mistério que é como pôr uma economia de inovação ao serviço de uma política de liberdade, fundador do Movimento de Esquerda Socialista (MES) e independente contumaz, marxista heterodoxo e não dogmático que nunca foi comunista nem católico, sartriano revolucionário e radical e conversador emérito morreu anteontem em Lisboa, em sua casa, a dias de cumprir os 76 anos, vítima de um cancro tardiamente diagnosticado.
Se é difícil encontrar hoje quem reconheça o seu nome entre os menores de 50 anos, para além dos leitores habituais das suas crónicas no Combate, onde colaborou desde o fim dos anos 80, é impossível encontrar alguém que não o reconheça, acima desse limiar etário, entre os cultores da política e nos meios da esquerda portuguesa.
Porquê o desconhecimento dos mais jovens? "O João Martins Pereira não fazia o circuito das televisões nem dos colóquios", diz o líder do Bloco de Esquerda Francisco Louçã, seu amigo e camarada de Combate. "O João era um conversador extraordinário mas tinha um certa timidez que o mantinha afastado de certos meios. Além de que os seus livros se dirigem a um público um pouco especializado. Mas era sem dúvida o pensador marxista mais criativo em Portugal, de um marxismo que não estava preso a nenhuma ortodoxia."
Um marxismo que ele mantinha como referência no pensamento económico, ainda que não como filosofia política. Ontem, aliás, no Colóquio Internacional Karl Marx, a decorrer em Lisboa, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, o historiador Fernando Rosas faria uma evocação de Martins Pereira, dizendo que, se ele fosse vivo, estaria certamente ali, contribuindo para os trabalhos com a sua "inteligência crítica".
João Martins Pereira teve uma passagem meteórica pela governação, em 1975, no IV Governo Provisório, presidido por Vasco Gonçalves. Foi secretário de Estado da Indústria e Tecnologia, a convite do seu amigo João Cravinho, que ocupou a pasta da Indústria e Tecnologia. No site do Governo na Internet, na secção Arquivo Histórico, pode ver-se a composição do Governo. E lá aparece João Bahuto Pereira da Silva - não parece, mas é João Martins Pereira.
"O João Martins Pereira nunca tinha querido estar na ação política direta, assumir cargos políticos", conta João Cravinho, "Mas quando o fui convidar nessa altura, ele achou que não era possível dizer que não. Tinha a noção de que se tratava de um momento-chave. Lembro-me que me disse algo do género 'Isto agora é que é. Ou pegamos nisto e levamos isto para a frente ou isto perde-se'."
A missão que coube ao secretário de Estado foi histórica: as nacionalizações das grandes empresas industriais, que vieram na sequência da anterior nacionalização da banca, imediatamente depois do golpe do 11 de Março. "Naquele contexto, as nacionalizações da indústria eram inevitáveis", continua João Cravinho. "As empresas estavam profundamente endividadas e a visão política da época era a de que a consolidação da democracia só seria possível através dessas nacionalizações. A alternativa seria não o fazer e ajudá-las com financiamentos públicos maciços - o que naquele contexto político era impensável - e enveredar por um regime de democracia musculada que continuaria a ser tutelada por esses cinco ou seis grandes grupos económicos - a solução preconizada por Spínola."
As nacionalizações abrangeram a siderurgia, os cimentos, os estaleiros navais, a química pesada e petroquímica, as celuloses. Feitas as nacionalizações, Martins Pereira deixou o Governo, sem conflitos mas desiludido com o rumo da governação e com as inúmeras coisas que não era possível fazer. Antes de sair empenhou-se na criação daquilo que hoje se chamaria um cluster de metalo-mecânica, negociando com muitas empresas do sector redes de cooperação que esperava pudessem servir de empurrão à economia, quase paralisada.
Quando entrou para o Governo, a sua reputação já estava estabelecida. O seu primeiro livro, Pensar Portugal Hoje (D. Quixote, 1971), uma coletânea de artigos cuja primeira edição de 3000 exemplares se esgotou num mês, foi uma obra central para aqueles que, contra ou nas margens do regime, ansiavam pela modernização e pela democracia.
"O João Martins Pereira tinha uma enorme capacidade analítica e uma grande capacidade crítica e o Pensar Portugal Hoje era uma proposta de reflexão do país, à esquerda", diz João Cravinho. "O livro tinha uma conceptualização ideológica forte, mas não era um livro de chavões, não fazia as leituras que na altura eram as convencionais na esquerda. Era um livro aberto, com uma grande frescura analítica, que se opunha àquelas ortodoxias que às vezes não tinham grande apoio na realidade. Não era um livro a preto e branco."
Era essa abertura que fazia de João Martins Pereira uma figura sui generis, onde habitava, a par de uma grande radicalidade política que o colocava no extremo do espectro político - apoiante de Otelo Saraiva de Carvalho, nas presidenciais 1976; próximo do Bloco de Esquerda, em cuja convenção fundadora fez uma das intervenções de fundo -, um sentido crítico e um sentido da realidade social que frequentemente o fazia entrar em choque com os mais dogmáticos. Aconteceu aliás na própria fundação do BE, onde a sua intervenção suscitou reacções pouco apreciadoras.
A sua intervenção cívica e intelectual, constante, fê-lo passar, em 1967-1968, pelo corpo redactorial da Seara Nova. Em 1969-1970 fez parte do grupo que lançou a segunda série de O Tempo e o Modo. Integrou a equipa colectiva que publicou, em 1969, o livro Alguns Aspectos do III Plano de Fomento (Ed. Seara Nova) e foi responsável pela secção económica da revista Vida Mundial entre Novembro de 1974 e Março de 1975. Seria mais tarde director interino do semanário Gazeta da Semana e, posteriormente, director da Gazeta do Mês.
Na universidade, depois de se licenciar em engenharia química no Instituto Superior Técnico - onde "foi um aluno brilhante e bateu alguns recordes de notas", como lembra o colega João Cravinho -, foi professor de 1970 a 1972: assistente de Economia Industrial no ISCEF (depois Instituto Superior de Economia).
A lista de obras que publicou inclui títulos como Indústria, Ideologia e Quotidiano (Afrontamento, 1974), Sistemas Económicos e Consciência Social (F. Calouste Gulbenkian, 1980), No Reino dos Falsos Avestruzes (A Regra do Jogo, 1983), O Dito e o Feito (Ed. Salamandra, 1989), À Esquerda do Possível (Edições Colibri, 1993).
O seu livro mais recente, Para a História da Indústria em Portugal, 1941-1965 (ICS, 2005), parte de um ambicioso projecto que fica incompleto: um estudo, sector a sector, da indústria portuguesa. O objectivo? "Tentar compreender as razões por que a indústria portuguesa tem uma geração de atraso", explica Francisco Louça, com quem discutiu o projecto. "Tentar compreender as razões do fracasso da burguesia portuguesa como projecto económico e social."
Tentar compreender. Como sempre.
[Cronologia]
1932 - Nasce em 24 de novembro de 1932 em Lisboa, freguesia de Belém.
1939 - 1942 – Faz a instrução primária em casa com apoio de professora particular. É nessa altura que começa a escrever livros e jornais ilustrados (Rim-tim-tim; O Tareco, Tiro-liro).
1942 - Admitido no Colégio Académico. É obrigado a interromper as aulas e faz um ano de repouso, do qual resultará a 2ª Série do Tiro-liro, o jornal Júpiter e o seu interesse pelas notícias.
1944 - 1949 – Frequenta o Colégio Valsassina, onde completa o curso liceal.
1950 - Admitido no Instituto Superior Técnico (I.S.T.), onde frequenta o curso de Engenharia Químico-Industrial.
1954 - 1956 – Integra a Direção da Associação dos Estudantes do I.S.T. a convite de José Manuel Prostes da Fonseca, tendo participado nas lutas estudantis contra o Decreto 40.900 (que retirava poderes às Associações de Estudantes) e na criação da RIA (Reunião Inter-Associações). Colabora até 1958 no Boletim da AEIST.
1955 - Desenvolve estágio em empresa siderúrgica francesa em Longwy. No regresso a Portugal, é detido pela PIDE. É possível que a polícia política do Estado Novo tenha suspeitado que Martins Pereira, dirigente estudantil, tivesse viajado com o intuito de participar num congresso realizado em Varsóvia em Agosto - o 5º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes - que reuniu 30.000 jovens de 114 países. As suas malas são revistadas e são encontrados panfletos em russo. É detido no Aljube até serem traduzidos os documentos que tinha em sua posse, tendo-se vindo a constatar serem provenientes do pavilhão da União Soviética numa feira industrial que se tinha realizado em Julho desse ano, em Estocolmo.
1956 - Licencia-se em Engenharia Químico-Industrial, com a média final de 17 valores.
1956 - 1958 - Incorporado na tropa em Setembro de 1956, no R.A.C. (Regimento de Artilharia de Costa), em Oeiras, para fazer o Curso de Oficiais Milicianos. Findo o curso, em que ficou em primeiro lugar, e após a promoção a Aspirante a Oficial Miliciano, é colocado na Bateria de Alcabideche, onde se manteve até meados de Fevereiro de 1958. É durante o serviço militar que conhece o artista plástico José Escada, de quem se tornará amigo.
1958 - Começa a trabalhar na CUF (Companhia União Fabril), no Barreiro, na Divisão de Metais Não-Ferrosos, onde participa no arranque de uma unidade de silicato de sódio. A sua entrada faz-se por convite da empresa, que tradicionalmente convidava para integrar os seus quadros os melhores alunos do curso de Química. Em Agosto de 1958 é contratado pela Siderurgia Nacional por um período de quatro anos. As peripécias da sua transferência da CUF de Jorge de Mello para a Siderurgia Nacional de António Champalimaud são contadas pelo próprio num relato pessoal que ilustra a relação então existente entre os dois grupos industriais rivais.
1960 - Nomeado engenheiro-chefe da aciaria, no Seixal, e encarregado de preparar o arranque da unidade, incluindo o recrutamento e treino do pessoal, a aquisição de materiais e a organização interna.
1962 - Demite-se da Siderurgia Nacional e aceita um convite para ir dirigir uma fábrica de vidro impresso e garrafaria na Venezuela: o Centro Vidriero de Venezuela, em Guarenas, propriedade de Carlos Galo, um industrial vidreiro da Marinha Grande. Ficará aí apenas um ano, o suficiente para poupar o dinheiro que lhe permitirá ir estudar Sociologia e Economia para Paris.
1963 - 1964 - Vai estudar para Paris, no Institut des Sciences Sociales du Travail, onde obtém os certificados de Sociologia do Trabalho, Economia do Trabalho e Problemas do Trabalho em Países em Vias de Desenvolvimento.
Tem então atividade política no M.A.R. - Movimento de Acção Revolucionária) [um movimento socialista que chegou a ter alguma implantação no interior e nos principais núcleos de emigração política, como Paris, Londres, Argel, Roma].
1965 - 1982 - Trabalha no Departamento de Estudos Económicos da Profabril (Centro de Projetos, no Departamento de Estudos Económicos), onde permaneceu até 1982. Criou um núcleo de estudos técnico-económicos, e a partir de 1969, foi Chefe de Serviço de Processo, Estudos Económicos e Agronomia e, a partir de 1971, Diretor-Adjunto.
1966 - Começa a frequentar as «Tertúlias do Vá-Vá», café onde se encontrava com cinéfilos e “associativos”, onde fez amigos que o acompanharam até ao fim da vida.
1967 - 1968 – Integra o corpo redatorial da Seara Nova.
1969 - Colabora na campanha da CDE (Comissão Democrática Eleitoral).
1969 - Integra a equipa coletiva que publicou, em 1969, o livro Alguns Aspetos do III Plano de Fomento (Ed. Seara Nova).
1969 - 1970 – Integra o grupo que lançou a segunda série de O Tempo e o Modo, dirigida por João Bénard da Costa, mas iria deixá-la em 1971, quando a revista ficou sob controlo do MRPP.
1970 - Casamento com Fátima Bonifácio, de quem se divorcia em 1978.
1970 - 1972 - Assistente de Economia Industrial no ISCEF.
1971- Publica na D. Quixote o seu primeiro livro, «Pensar Portugal Hoje».
1974 - Publica, nas Edições Afrontamento, «Indústria, Ideologia e Quotidiano» (ensaio sobre o capitalismo em Portugal).
1974 - 1975 - Responsável pela secção económica da revista Vida Mundial, [na altura em que Augusto Abelaira era o diretor].
1975 - Secretário de Estado da Indústria e Tecnologia do IV Governo Provisório, presidido por Vasco Gonçalves, no ministério da Indústria e Tecnologia, tutelado por João Cravinho. Foi o autor da nacionalização das grandes empresas industriais: siderurgia, cimentos, estaleiros navais, química pesada, petroquímica e celuloses. Quando entrou para o Governo era grande a sua reputação. Na verdade, o seu primeiro livro, «Pensar Portugal Hoje» (D. Quixote, 1971), uma coletânea de artigos cuja primeira edição de 3000 exemplares se esgotou num mês, tinha sido uma obra central para aqueles que ansiavam pela modernização do País e pela democracia.
1976 - Apoiante de Otelo Saraiva de Carvalho nas presidenciais de 1976.
1976 - 1977 - Diretor interino do semanário Gazeta da Semana, um jornal sem publicidade, que acompanhava criticamente o que se ia passando em Portugal e no resto do mundo, dando particular atenção aos movimentos populares [feito por jornalistas: Jorge Almeida Fernandes, Adelino Gomes, Joaquim Furtado, António Salvador, entre outros, e por não jornalistas; promovia «reuniões de leitores» e «grupos de apoio» em vários pontos do País].
1978 - Colabora em Solutions socialistes (org. Serge-Christophe Kolm, Ramsay, Paris).
1980 - Diretor da Gazeta do Mês, que retomou e transformou o projeto da Gazeta da Semana com os mesmos e outros e que durou três números. Publica (edição da Fundação Calouste Gulbenkian) Sistemas Económicos e Consciência Social – para uma teoria do socialismo como sistema global.
1981 - Casamento com Manuela Vasconcelos.
1983 – 1998 - Trabalha na TECNINVEST, empresa de projetos e consultadoria ligada à PROFABRIL, como diretor de projeto e consultor sénior. Também fez projetos e foi consultor para diversas outras entidades, entre as quais o IAPMEI e o Instituto de Prospetiva.
1987 - Participa na campanha eleitoral do PSR.
1987 - Integra a redação do jornal Combate, onde publicou, ao longo dos anos, numerosos artigos, crónicas e notas.
1989 - Publica, nas edições Salamandra, O Dito e o Feito – cadernos 1984 -1987, livro em forma de diário.
1993 - Coordena, com Francisco Louçã e João Paulo Cotrim, uma antologia de textos de vários autores publicados no jornal Combate, intitulada À Esquerda do Possível (Edições Colibri).
1994 - Por ocasião dos 20 anos do 25 de Abril, é um dos fundadores da «Abril em Maio – Associação Cultural», onde colabora durante 10 anos. Nesse mesmo ano fez uma conferência na Câmara Municipal de Matosinhos, intitulada «Indústria e sociedade portuguesa hoje», que veio a ser publicada.
1999 - Participa, com uma intervenção de fundo, na convenção fundadora do Bloco de Esquerda.
2008 - Óbito.
[História Custodial e Arquivística]
O arquivo que apresentamos terá como sigla Martins Pereira. Este reúne documentação produzida e/ou reunida por JMP no decurso da sua vida profissional pública e privada, assim como da sua vida pessoal.
Em 2011, Manuela Vasconcelos começa a trabalhar na organização da documentação com o objetivo de preparar exposição e biobibliografia para o Colóquio “João Martins Pereira e o seu, nosso tempo”. Em 2012 tem início o trabalho de organização para produção de inventário preliminar, concluído em 2015. É inventariada a secção 1 correspondente à Atividade Pública.
Em 2018 é concluído o tratamento técnico e arrumação física da série “Correspondência” enquadrada na Atividade Privada.
Em 2020/21 é desenvolvida a primeira fase de tratamento técnico da documentação referente à obra da autoria de Martins Pereira, intitulada “Para a história da indústria em Portugal”.
O restante arquivo encontra-se em fase de tratamento técnico. Por essa razão, a documentação não está ainda toda disponível ao público, podendo, no entanto, ser analisados, caso a caso, pedidos de consulta. Para o efeito, contactar a coordenadora-técnica do CD25A, Dr.ª Natércia Coimbra: natc@ci.ucp.pt
[Aquisição ou Transferência]
1ª Entrada de documentação (1994)
Entrega feita pessoalmente por J. Martins Pereira ao então diretor do CD25A, Boaventura de Sousa Santos:
Agenda usada pelo doador no âmbito das funções de Secretário de Estado da Indústria e Tecnologia do IV Governo Provisório (1975)
2ª Entrada de documentação (2009-2010)
Por doação da família, foi entregue ao CD25A o Arquivo e Biblioteca pessoais de J. Martins Pereira. Aproximadamente 200 caixotes que ocupam mais de 20 metros lineares de estante.
A guia de entrega das cerca de 2000 monografias pertencentes à biblioteca pessoal de J. Martins Pereira foi elaborada pela família e pode ser consultada a pedido.
3ª Entrada de documentação (2012)
Em 2012 é incorporado, por doação de Júlio Pequito, o documento original produzido por João Martins Pereira, intitulado “Estudo da proposta de lei nº48 da Câmara Corporativa”.
4ª Entrada de documentação (2018)
Foi concedida autorização pela família para ser realizada uma reprodução em suporte digital de uma série de documentos manuscritos em pequeno formato da autoria de JMP. A série, intitulada Tiro-liro (cadernos numerados contendo pequenas histórias em Banda Desenhada e outras curiosidades), foi produzida periodicamente ao longo do ano de 1943. Os documentos originais permanecem na posse da família.
- Tiro-liro (63 documentos numerados de um total de 71; nºs em falta: 1, 11, 14, 18, 35, 39, 60, e 62).
5ª Entrada de documentação (2022)
- 5 fotografias (2 P&B; 3 cores) de João Martins Pereira em eventos promovidos pela Associação Cultural “Abril em Maio”.
[Âmbito ou Conteúdo]
O arquivo inclui:
- 1. A biblioteca pessoal de JMP relacionada com Economia, Política, História e Sociologia: cerca de 2000 exemplares.
- 2. O arquivo pessoal e profissional (Inventário nº 150 do CD25A) ocupa cerca de 270 caixas de arquivo. A documentação está organizada em duas grandes secções (Atividade pública e Atividade privada subdivididas em várias subsecções e estas em séries (tipologias documentais).
- 3. Documentação de arquivo produzida no âmbito da atividade pública de JMP, enquanto Secretário de Estado da Indústria e Tecnologia (duas caixas de arquivo organizadas pelo autor). Esta documentação encontra-se integralmente digitalizada na página em linha do CD25A, em Arquivos Privados da Democracia Portuguesa. Consultar aqui.
No que respeita à biblioteca pessoal de J.M.P., esta não se encontra catalogada nem se prevê que o seja a curto prazo. Será, no entanto, oportunamente disponibilizada uma listagem dos itens na secção correspondente (SC 2.4) até que seja exequível a sua catalogação integral.
Para as restantes tipologias (comunicados/panfletos, iconografia e recortes de imprensa), cujos originais seriam, em regra, submetidos a triagem para catalogação e arrumação nas secções de tratamento correspondentes do Centro, tomou-se a decisão de as manter fisicamente afetas ao arquivo.
Relativamente aos prazos de divulgação do conteúdo da documentação respeitar-se-á, antes de mais, a vontade expressa do(s) doador(es) que, após a leitura do inventário prévio do Fundo, nos indicarão quais os documentos cujo conteúdo pretenderá manter sob reserva, assim como os respetivos prazos de abertura ao público.
NOTA: Embora já inventariada, parte da documentação poderá não estar ainda totalmente catalogada e disponível para consulta do público.
[Avaliação, Seleção e Eliminação]
O presente arquivo foi objeto de avaliação, sendo que apenas em casos muito pontuais, no que respeita a séries constituídas por um elevado número de documentos fotocopiados repetidos, se tenha assumido a decisão de manter 3 cópias idênticas e eliminar as restantes.
[Sistema de Organização]
- • Quadro de Classificação
ED ( Entidade Detentora ) CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO 25 DE ABRIL ( CD25A )
GA ( Grupo de Arq. ) ARQUIVOS PRIVADOS
SGA ( Subgrupo de Arq. ) ARQUIVOS PESSOAIS
F 150 ( Fundo ) MARTINS PEREIRA
SC 1 (Secção) ACTIVIDADE PÚBLICA (1975-1975)
SSC 1.1 (Subsecção) SECRET. ESTADO DA INDÚST. E TECNOL. IV GOV. PROV. (1975-1975)
(Documentação produzida entre Março e Junho de 1975 no desempenho do cargo de Secretário de Estado da Indústria e Tecnologia - 2 caixas)
- SR01 Polónia
- SR02 Colloque
- SR03 Tópicos
- SR04 Memorandos
- SR05 Missões oficiais
- SR06 Cooperação internacional
- SR07 Desenvolvimento das relações internacionais
- SR08 Memorandum
- SR09 Reuniões
- SR10 Medidas políticas
- SR11 Notas
- SR12 Proposta de uma experiência-piloto
- SR13 Assuntos urgentes
- SR14 Folhas soltas
- SR15 Notas
- SR16 Demissão de JMP
- SR17 Entrevistas
- SR18 Correspondência
- SR19 Caderno de notas
- SR20 Blocos de notas
- SR21 Programa
- SR22 Recortes de imprensa
- SR23 Fotocópia. Despacho
- SR24 Agenda
- SR25 JMP
- SR26 JC/JMP
- SR27 JC/JS
- SR28 Fotocópia. Agenda
- SR29 Cartões
SC 2 (Secção) ACTIVIDADE PRIVADA
2.1 VIDA PESSOAL
SR 1 (Série) CORRESPONDÊNCIA (1956-2008)
A Série Correspondência é composta por documentos que refletem a troca de correspondência de JMP ao longo da sua vida. Contém sobretudo os documentos recebidos (cartas, cartões, postais etc) e respectivos anexos, já que raramente JMP ficava com cópia dos documentos enviados. O critério que presidiu à sua organização foi o da ordem alfabética de remetente seguido de arrumação por ordem cronológica
SSR1 (Série) Correspondência enviada
Contém documentos enviados por JMP a diversos destinatários. Os documentos pertencentes à subsérie "Corresp. enviada", por se tratar de um número residual, encontram-se arrumados juntamente com a corresp. recebida dos mesmos interlocutores.
Datas limite: 1959-2007
Outras informações sobre J. Martins Pereira e a sua obra
SSR2 (Série) Correspondência recebida
Contém documentos recebidos por JMP provenientes de diversos remetentes.
Datas limite: 1956-2008
SR 2 (Série) DOCUMENTOS BIOGRÁFICOS
2.1.1 PERCURSO ACADÉMICO E ACTIVIDADE ESTUDANTIL
SR 1 (Série) APONTAMENTOS
SR 2 (Série) DOCUMENTAÇÃO DIVERSA (ACTIVIDADE ESTUDANTIL)
SR 3 (Série) DOCUMENTAÇÃO DIVERSA (FORMAÇÃO ACADÉMICA)
SR 4 (Série) DOCUMENTAÇÃO DIVERSA (GERAL)
2.1.2 PARTICIP. EM PROJ. ASSOCIATIVOS CULTURAIS/POLÍTICOS
2.1.2.1 ABRIL EM MAIO
SR 1 (Série) DOCUMENTAÇÃO DIVERSA
SR 2 (Série) FOTOGRAFIAS (ver 5ª Incorporação)
2.1.2.2 BLOCO DE ESQUERDA
SR 1 (Série) DOCUMENTAÇÃO DIVERSA
2.1.2.3 FÓRUM JUSTIÇA E LIBERDADES
SR 1 (Série) DOCUMENTAÇÃO DIVERSA
2.1.3 INTERVENÇÕES PÚBLICAS
2.1.3.1 UNIVERSIDADE DO PORTO – F.E.U.P.
SR 1 (Série) CORRESPONDÊNCIA
2.1.3.2 I.S.C.T.E.
SR 1 (Série) TÓPICOS PARA INTERVENÇÃO
2.1.3.3 OUTRAS INTERVENÇÕES
SR 1 (Série) DOCUMENTAÇÃO DIVERSA
2.2 VIDA PROFISSIONAL
2.2.1 ASSISTENTE DO ISCEF
2.2.2 CONSULTOR – Marçal
2.2.3 CONSULTOR DO IAPMEI
2.2.4 CUF
2.2.5 INSTITUTO DE PROSPECTIVA
2.2.6 INVESTIGADOR SÉNIOR – ICS
2.2.7 PROFABRIL
2.2.8 SIDERURGIA NACIONAL
SR 1 (Série) ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS
2.2.9 TECNINVEST
2.2.10 TELECOM
SSC 2.3 (Subsecção) ESPÓLIO LITERÁRIO
2.3.1 OBRA PUBLICADA
2.3.1.1 MONOGRAFIAS
2.3.1.1.1 PENSAR PORTUGAL HOJE
2.3.1.1.2 INDÚSTRIA, CAPITALISMO E QUOTIDIANO
2.3.1.1.3 O SOCIALISMO, A TRANSIÇÃO E O CASO PORTUGUÊS
2.3.1.1.4 SISTEMAS ECONÓMICOS E CONSCIÊNCIA SOCIAL: PARA UMA
TEORIA DO SOCIALISMO COMO SISTEMA GLOBAL
2.3.1.1.5 NO REINO DOS FALSOS AVESTRUZES: UM OLHAR
SOBRE A POLÍTICA
2.3.1.1.6 O DITO E O FEITO: CADERNOS 1984-1987
2.3.1.1.7 PARA A HISTÓRIA DA INDÚSTRIA EM PORTUGAL (1912-2006)
2.3.1.1.7.1 GESTÃO DO PROJETO (1996-2006)
SR 1 (Série) Documentação diversa (1996-2006)
2.3.1.1.7.2 INVESTIGAÇÃO (1912-2006)
2.3.1.1.7.2.1 GERAL - Inclui Outras Indústrias (1912-2006)
SR 1 (Série) Documentação diversa (1912-2006)
2.3.1.1.7.2.2 INDÚSTRIA DOS ADUBOS AZOTADOS (1924-2001)
SR 1 (Série) Documentação diversa (1924-2001)
2.3.1.1.7.2.3 INDÚSTRIA SIDERÚRGICA (1927-2005)
SR 1 (Série) Documentação diversa (1927-2005)
2.3.1.1.7.3 EDIÇÃO DA OBRA (2001-2005)
SR 1 (Série) Versões da obra Para a história da indústria em Portugal: 1941-1965: adubos azotados e siderurgia (2003-2005)
SR 2 (Série) Provas tipográficas (2004-2005)
SR 3 (Série) Versões do artigo “Como entrou a siderurgia
em Portugal”. Análise Social, vol.37, nº165, 2003, p.1159-1190 (2001-2003)
2.3.1.2 COLABORAÇÃO EM OBRAS COLETIVAS E OPÚSCULOS
SR 1 (Série) Documentação diversa
2.3.1.3 COLABORAÇÃO EM PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS
SR 1 (Série) Documentação diversa
2.3.2 TEXTOS DISPERSOS
SR 1 (Série) Documentação diversa
SSC 2.4 (Subsecção) BIBLIOTECA PESSOAL
[Condições de Acesso]
O acesso à documentação faz-se de acordo com a lei geral aplicável.
[Idioma]
Contém documentos em português, alemão, francês, inglês(...).
[Características Físicas]
Os documentos estão, de um modo geral, em bom estado de conservação.
[Instrumentos de Descrição]
ISAD(G)
+ Informação
Por ocasião do Colóquio João Martins Pereira e o Seu Nosso tempo, realizado em Lisboa nos dias 25 e 26 de Novembro de 2011, parte da sua obra publicada foi digitalizada e já pode ser consultada no Arquivo Digital do Cd25A: Bibliografia João Martins Pereira .
Em 2014 foi editada uma Bio-Bibliografia
Em 2015 foi feita uma edição electrónica com o título de um conjunto de textos (na maioria já publicados em jornais e revistas) que se encontravam reunidos pelo autor no arquivo literário, provavelmente com vista a publicação. Esta disponível online com o título: João Martins Pereira: textos 1974-1980 html pdf
Em 2018 foi revista e aumentada a Bibliografia , que será também editada em papel.
De entre as obras doadas encontra-se uma colecção completa dos jornais Gazeta da Semana e Gazeta do Mês também já disponíveis online.