Murais artísticos de Abril - Conceição Neuparth

Murais Artísticos 25 de Abril

Colecção de Conceição Neuparth

Maria da Conceição de Sottomayor Neuparth, mais conhecida por Mimi, nasceu a 4 de Maio de 1929, em Lisboa. Irmã do meio de 9 irmãos, desde muito cedo estabeleceu amizades e privilegiou contactos que manteve pela vida fora. Tendo os pais morrido quando ela tinha 18 anos, mostrou-se sempre lutadora e responsável, pois tomou a seu cargo a tarefa de não separar os irmãos e assim tomar conta dos que ainda se encontravam em casa, que eram 6. A partir do momento da morte dos pais começou a trabalhar e a tentar manter uma casa em que os três mais novos ainda eram estudantes. Mas a sua vida não se confinava à família. Era uma rapariga entusiasta e curiosa e isso levou-a a fazer parte de grupos sociais, religiosos e de amizade, emprenhando-se neles de tal maneira que onde se “metia” rapidamente assumia responsabilidades: primeiro no colégio, depois nos grupos religiosos existentes e, quando começou a trabalhar em Cometna, na luta pela justiça no trabalho. Católica progressista, como se dizia na altura, pertenceu aos grupos que se opunham à ditadura e foi uma colaboradora assídua na Capela do Rato, assim como das publicações clandestinas “Direito à Informação” (1963-69) e “Boletim Anti-Colonial” (1972-73). Politicamente de esquerda, contestava veemente a vida fácil e instalada da burguesia. De contacto fácil, a sua casa estava sempre aberta, por aí passavam pessoas de diversas nacionalidades, devido ao seu empenhamento em vários grupos e organizações, nomeadamente a irmandade do padre de Foucauld, cujos irmãos (na sua maioria franceses) antes de irem para as colónias portuguesas, passavam por Portugal para aprenderem a língua. Quando se deu o 25 de Abril foi o delírio para ela. Viveu-o com uma intensidade sem limites, seguindo de perto todos os pormenores, fazendo dossiers de recortes, tirando fotografias de Norte a Sul do País, participando em reuniões, não faltando a uma manifestação, organizando e participando em abaixo-assinados… Entre muitas outras actividades a que se dedicou, foi fundadora e membro agregador da equipa responsável pelos 200 números do boletim “Libertar”, (1974-1991) e trabalhou no CIDAC – Centro de Informação e Documentação Amílcar Cabral, a partir de 1984, durante mais de dez anos. Eis uma mulher que bebia a vida com avidez, tentando captar dela o melhor, o mais justo, o mais verdadeiro e devolvendo a todas as pessoas com que estava sempre em contacto o seu inesgotável entusiasmo.  

Maria de Fátima Neuparth Belchior

Luísa Teotónio Pereira

 

Alguns exemplos de murais