L. A. & Cª no meio da revolução
cap 3 UM FIM DE SEMANA MARAVILHOSO Nesse dia, o pai do Luís e da Ana chegou a casa mais cedo que o costume. A mãe ainda não acabara de fazer o jantar e ia-se cortando com a faca, ao partir os bifes, tal foi a sua surpresa. - Não posso acreditar no que estou a ver! - exclamou. - Se nem eu próprio acredito! - respondeu o Dr. Barroso, pousando a pasta em cima de um dos bancos da cozinha e dando um beijo à mulher. - Chama as crianças! Tenho uma proposta para fazer a todos! Quando os filhos subiram de roldão as escadas, com os gémeos atrás, anunciou cansado, mas satisfeitíssimo: - Acabei finalmente o projecto que tinha entre mãos! Finalmente! - e acariciava a pasta que descansava em cima de um banco. - Caramba! - desabafou o Luís. - Já não era sem tempo! - Estávamos fartos de te ver com um ar aluado a entrar pela casa dentro a correr, para te fechares no escritório! - Até nós! - acrescentaram os gémeos, que quase faziam parte da família. - E com peúgas diferentes e todo despenteado! - Ih!! Que exagero! - disse a mãe, rindo. Era evidente o seu alívio. Claro que, naquela situação, era sempre ela a mais sacrificada pois as alterações de hábitos do pai, nessas alturas, introduziam uma grande confusão na rotina doméstica. - E agora, pai? E aquilo que nos prometeste? Já é possível, agora? - a Ana saltava, à volta dele, como um cachorrinho muito pequeno. - Já é possível, agora, pai? - Ora! - respondeu o Luís, desanimado. - Agora as nossas férias já acabaram. Adeus Algarve! - Pois é - disse o Filipe. - A nossa mãe também nos tinha prometido ... - É verdade! - acrescentou o Nuno. - Fiquei com tanta raiva que só me apetecia fugir de casa! Nunca temos férias como os nossos colegas da escola! - Nunca conseguimos ir a lado nenhum! - Passamos o tempo enfiados nesta terrinha! - Ora, ora - atalhou a mãe. - Não é agora altura para se lamentarem. Pelo contrário, deviam estar contentes ... Acho que o pai se prepara para vos dar uma boa notícia! E vocês deviam estar orgulhosos por terem um pai assim - acrescentou, olhando com ternura o marido sentado num banco, com a Ana ao colo. - E vocês, meninos, - disse, virando-se para os gémeos - o melhor é irem para casa porque a vossa mãe já deve estar à espera. Quando os gémeos saíram, a correr, o dr. Barroso sentou os dois filhos, um em cada perna. - Nem imaginam que bom que é chegar a casa a esta hora e ter tempo para estarmos todos juntos! - desabafou, enquanto a mulher tentava remediar a calda do arroz que entretanto se queimara. - Estes últimos dias foram de estoirar! Não via o fim da investigação. Mas agora, está tudo pronto e arrumado. E tenho uma notícia para todos vocês. Até que enfim vou ter férias! Uma semana inteira de férias. Como vocês não têm aulas ao sábado, se faltarem só sexta-feira, podemos partir para o Algarve ... talvez na quinta-feira à noite! Que dizes, Helena? Os olhos da mãe brilharam. - Quase que nem acredito que isto está a acontecer - exclamou o Luís. - Belisquem-me para eu ter a certeza que estou acordado! - E os gémeos - lembrou a Ana. - Não podiam vir connosco, pai? - Claro! - respondeu o Dr. Barroso. - Até já tínhamos combinado qualquer coisa com a mãe deles ... levamos os dois carros e aí vamos nós! Agora sinto-me livre como um passarinho. Hoje, de manhã cedo, os franceses vieram cá a casa buscar os resultados da investigação. Já levaram tudo. |
Neste momento o nosso trabalho já deve estar em França. Ali estão apenas as cópias ... rematou deitando um olhar orgulhoso à pasta. Todos se riram, porque Carlota, a gata da Ana, tinha-se refastelado em cima, e olhava pachorrentamente a cena. Parecia ter a arte de se colocar sempre no centro das atenções. - E como vai ser pai? Já tiveste tempo para pensar onde é que vamos dormir? |
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