2 de Junho
•Inauguram-se os trabalhos da Assembleia Constituinte. Intervenção de Costa Gomes: «Queremos que a nossa revolução progrida para um socialismo pluripartidário, uma simbiose profunda entre as vias revolucionária e eleitoral». Em consequência reafirmam-se as oposições partidárias: PS, PPD e CDS por um lado e PCP e MDP/CDE por outro.
•O D. L. nº 272/75 estabelece o regime de reabertura de processos contra ex-legionários.
4 de Junho
•Início da primeira viagem de um Presidente da República português a França, numa estadia de quatro dias. Costa Gomes avista-se com Giscard d'Estaing, que assegura o apoio do seu país para o equilíbrio da economia portuguesa. Mais de cem mil trabalhadores emigrantes em França reúnem-se junto da Embaixada Portuguesa, para saudar o PR.
•É ratificado o tratado pelo qual o Estado Português reconhece a soberania indiana sobre as antigas possessões portuguesas de Goa Damão e Diu.
5 de Junho
•Nacionalização do Metropolitano de Lisboa e das grandes transportadoras de camionagem.
6 de Junho
•Novo comunicado do CR sobre o "Caso República" em que se defende a reabertura do jornal e a manutenção da anterior direcção.
•É convocada uma manifestação em Ponta Delgada pela Frente de Libertação dos Açores (FLA), com a presença de destacados membros do PPD e CDS, e com o objectivo aparente de reivindicar a revisão da política governamental referente aos preços fixados para o leite, a carne, enlatados e outros produtos. Rapidamente a concentração desembocou na exigência de demissão do governador do MDP, Borges Coutinho, gritando as seguintes palavras de ordem: "Viva a Independência" "A FLA basta para o MFA". O governador militar, general Altino de Magalhães não impediu a manifestação que conseguiu paralisar o comércio. (JSC)
7 de Junho
•Aparecem os Comités de Defesa da Liberdade (CDL) que se caracterizam pela difusão de panfletos entre os militares do QP. O seu principal impulsionador foi o general Soares Carneiro. Os panfletos eram impressos num tipografia ligada à igreja bracarense. Com um tipo similar de letra apareceram panfletos utilizando outras siglas: "Cruzada Renascida Anti-Comunista" (CRAC), "Movimento Democrático da FF.AA." (MDFA), no mesma linha da guerra psicológica contra os comunistas. (JSC)
9 de Junho
•A Assembleia Constituinte inicia os seus trabalhos parlamentares. Henrique de Barros, deputado do PS é eleito Presidente.
11 de Junho
•Primeira Assembleia conjunta MFA-Civis no GDACI em Monsanto.
13 de Junho
•Visita presidencial de Costa Gomes à Roménia, primeiro país socialista a receber um chefe de Estado português.
14 de Junho
•Roubo de armas no aquartelamento de Santa Margarida desencadeia uma vasta "operação stop" em todo o país.
•O Episcopado emite um comunicado, colocando reservas ao processo revolucionário em curso.
16 de Junho
•É publicado o D. L. nº 293/75 que prevê a possibilidade da transformação dos antigos grémios em associações patronais.
•Em Angola prosseguem os confrontos violentos entre o MPLA e a FNLA o que faz intensificar o fluxo de retornados para Portugal.
17 de Junho
•Manifestação dos CRTs.
18 de Junho
•Pela primeira vez, o Comité de Descolonização da ONU ("Comité dos 24") reúne em Lisboa.
•Em Estrasburgo, Christopher Soames, comissário da CEE para as relações exteriores, defende o programa de ajuda a Portugal (400 milhões de dólares), sujeitando-o ao compromisso expresso do Governo Português "de orientar politicamente o país no sentido de uma democracia pluralista".
•Manifestação e contra-manifestação junto ao Patriarcado devido à situação na Rádio Renascença. O PS manifesta publicamente o seu apoio à Igreja Católica, através do seu porta voz Sottomayor Cardia.
•O COPCON emite um comunicado, sobre o "Caso República" apoiando os trabalhadores.
19 de Junho
• Surge o Plano de Acção Política (PAP), também chamado 2º Programa do MFA. Redigido por Vasco Lourenço, Melo Antunes, Rosa Coutinho e Graça e Cunha e aprovado pelo CR, este documento é o resultado de uma série de reuniões com vários membros do Governo, durante cinco dias na Escola Naval, que ficou conhecida por "Seminário do Alfeite". Nele se defende uma identidade entre o MFA "movimento de libertação do povo português", disposto a proceder a uma "descolonização interna", e os movimentos de libertação africanos, não deixando porém de se acentuar " a via pluralista para a construção da nova sociedade".
•Manifestação de apoio aos trabalhadores da Radio Renascença. O Patriarcado fizera entretanto uma tentativa de suspensão da emissão, mandando destruir o gerador de electricidade. No mesmo dia, uma contra-manifestação de apoio ao Patriarcado, exige a devolução da emissora à Igreja Católica.
21 de Junho
•Manifestação do PS a favor do PAP.
•Terminam os trabalhos da cimeira de Nakuru no Quénia, entre a FNLA o MPLA e a UNITA, sem resultados concretos à semelhança de todos os encontros anteriores.
23 de Junho
•Reunião das Comissões de Moradores e de Trabalhadores da Zona do Regimento de Engenharia 1 na Pontinha. Foi eleito o Secretariado Provisório para a realização da Primeira Assembleia Popular.
•Os trabalhadores da CUF, em plenário exigem a nacionalização e saneamentos na empresa.
24 de Junho
•É publicado o D. L. nº308-A/75 que regula os casos de "manutenção de nacionalidade portuguesa de portugueses domiciliados em território ultramarino tornado independente".
•Convocada pelo PS realiza-se uma manifestação contra a ocupação, pelos trabalhadores, do jornal República.
25 de Junho
•Realizam-se em Lourenço Marques as cerimónias de independência de Moçambique. Vasco Gonçalves chefia a delegação portuguesa.
26 de Junho
•É assinado um acordo de ajuda económica dos EUA a Portugal no valor de 13, 25 milhões de dólares numa primeira fase, e a garantia de envio, numa segunda fase, de mais 20 milhões de dólares.
27 de Junho
•Pelo D. L. nº 314/75 determina-se a aplicação de sanções "aos militares que pelas suas actuações contribuam para a discórdia e divisão nas Forças Armadas (...)".
•Fuga de 88 Ex-PIDES/DGS da prisão de Alcoentre.
28 de Junho
•Encontro em Espanha de Frank Carlucci com Wernon Walters, sub-director da CIA.
•O CR passa a ter uma Comissão Central e uma Comissão Executiva.
•O Primeiro Ministro inglês James Callaghan promete a Melo Antunes apoio à democracia portuguesa.
•A imprensa divulga a notícia de que, em Timor, a UDT rompera a coligação com a FRETILIN.
•Em reunião, a Intercomissões de Lisboa define-se "autónoma e apartidária".
29 de Junho
•Realiza-se a Primeira Assembleia Popular, na Pontinha. Foi aprovada uma proposta de organização e objectivos.
•A fuga de 88 ex-agentes da PIDE/DGS da prisão de Alcoentre levanta uma onda de protesto contra a alegada conivência dos serviços prisionais.
30 de Junho
•Decorre a cimeira de Macau sobre a questão de Timor, com a participação das delegações de Portugal, UDT e APODETI. A FRETILIN não comparece por discordar da presença da APODETI.
•Recrudescem os combates em Angola que pela primeira vez envolvem os três movimentos. O MPLA domina aparentemente os acontecimentos em Cabinda.
Ainda em Junho
•Greves e ocupações de empresas: SOFIL, LEONESA e TLP.
•A imprensa ligada aos emigrantes açoreanos nos EUA continua a fazer uma intensa campanha separatista, tratando temas como a expressão jurídica da emancipação das ilhas, a descrição dos incidentes de Ponta Delgada e os comunicados que a propósito deles, emitiu o autodenominado Governo Provisório dos Açores. (JSC)
•O CDS é admitido como membro de pleno direito da União Europeia das Democracias Cristãs e da União Mundial das Democracias Cristãs.
•Encontro entre Vítor Alves, Ramiro Correia, Cónego Melo, Alpoim Calvão e Valentim Loureiro em casa deste último.