Entrevistas a Salgueiro Maia - 4

Salgueiro Maia

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2h32m55s até 2h34m33s

 
 
E – Depois de tudo o que nos contou sobre o próprio dia de 25 de Abril, pode-se dizer que quem ganhou foi o diálogo e o bom senso, acima da força das armas. Por outro lado, salta como evidência que o difícil terá sido começar, enfim, uma vez desencadeada a acção, parece que as forças leais ao governo estavam muito pouco convencidas da missão, desmoronando-se como um castelo de cartas.
  
M – O regime assentava na opressão, e a opressão assentava no medo. Quando as pessoas começam a perder o medo também é contagioso. Portanto, muitos elementos que à partida se mantinham nas posições em que estavam porque tinham medo, começam a ver os outros a partir as amarras e eles também as partem por arrastamento. Chega-se à tal situação, em que o regime eram meia dúzia de indivíduos que viviam à custa do contexto, e são esses que ficam isolados, com dois argumentos de peso: a opinião pública, mas também a comunicação social a dizer que tínhamos uma força que ficava aquém da verdadeira. Houve uma jogada de bluff, e essa jogada, por arrastamento, fez desmoronar o castelo, mas sem bases, pois nós não tínhamos força mas não tínhamos outra situação.
 

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