COBAR - História 1

História (1/3)
Barcouço é uma aldeia do concelho da Mealhada, distrito de Aveiro. A sede de freguesia conta actualmente com cerca de 2154 habitantes. Esta pequena aldeia de origens romanas encontrou na agricultura a solução para muitos dos seus problemas. Actualmente não é da chamada “bastarda” agricultura que sobrevive, embora tenha sido esta que deu origem à Cobar, o tema deste trabalho.
A Cooperativa de Barcouço (Cobar) nasce em 1975. É um projecto que se inclui no vasto conjunto de experiências de organização colectiva dos trabalhadores agrícolas, que entre 1975 e 1976 surgiram no país, em epecial na região Sul, e que alguns casos foram apoiadas por tecnicos e engenheiros agrários pertencentes aos quadros do Instituto de Reorganização Agária (IRA)

Em 1975, realizaram-se várias reuniões na Casa da Junta de Freguesia sobre o tema COOPERATIVISMO, apelando à organização dos agricultores para lutarem pelos seus direitos, salientando que uma das formas de conseguirem ter sucesso era em “cooperativas”.

A agricultura de pequena propriedade não dava lucro (as máquinas agrícolas eram poucas e muito dispendiosas, havia falta de adubos e fertilizantes) e numa terra onde o vinho era a principal fonte de receita, os agricultores viam a sua situação cada vez mais complicada, uma vez que até esta teria que ser transportada para a Cooperativa de Souselas, a mais próxima.

TUDO COMEÇOU COM A RESINA
 
Havia muito pinhal, que dava rendimento igual ou maior do que a vinha e que não dava despesas. Roçando o mato, este era usado como adubo para terras e cama para os animais; obtinha-se a resina, que era outra fonte de rendimento. Não necessitava de grandes cuidados.
Como já foi referido, a resina constituía uma boa fonte de receita e foi ela que deu origem à ideia de constituir uma cooperativa.

Em 1975 fazem-se várias reuniões, sendo a principal feita no Salão da Filarmónica de Barcouço, onde afluem todos os agricultores proprietários dos pinhais da freguesia.
Chegou-se a uma conclusão: ninguém venderia a resina pelo preço que os resineiros (os intermediários que obtinham a maior margem de lucro) pretendiam pagar, mas sim pelo preço justo, que uma comissão ali constituída, apresentasse e negociasse em benefício dos agricultores.
A luta pelo melhor preço da resina mobilizou a atenção e os esforços dos agricultores, que depois de discutirem os vários problemas em conjunto decidiram que a comissão criada iria também trabalhar na formação de uma cooperativa. Ninguém sabia muito bem o que a palavra significava, mas desde que servisse o povo era o que interessava.

A Comissão Pró-Cooperativa foi eleita e começou a reunir todas as semanas. Esta Comissão reunia nas aldeias vizinhas para esclarecimento dos agricultores e criava Comissões em cada uma delas. Elaborou-se um jornal, chamado “CAMPONESES EM LUTA” e distribuíam-se folhetos informativos acerca de todas estas actividades. As pessoas começavam a aderir à ideia de uma cooperativa.
O lema “UNIDOS E ORGANIZADOS, VENCEREMOS” toma porpuções de tal ordem que das reuniões feitas ficou definido que excepto vinhas e quintais que ficariam para a sobrevivência dos agricultores, todos os outros terrenos que estavam por cultivar seriam entregues à Cooperativa para esta os trabalhar.

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