COBAR - História 3

História (3/3)
Foi assim que no dia 19 de Outubro de 1976 no Cartório Notarial da Mealhada, foram reconhecidos e assinados os estatutos que constituem a cooperativa agrícola que se dominará: COBAR-COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGRO-PECUÁRIA DO BARCOUÇO, sociedade cooperativa anónima de responsabilidade limitada. A maioria dos agricultores tinha escolhido pertencer à COBAR. De notar que de todos os sócios somente um possuía tractor próprio.
50 «Pioneiros» lutavam por aquilo que julgavam ser uma maneira de fugir aos tempos miseráveis que até aí viviam e lutavam também contra tantos outros que se opunham a esta organização.
Muitas são as vozes contra e muitos são aqueles que criticam os homens e mulheres da COBAR, gerando-se guerras e intrigas que perduraram durante anos entre famílias e vizinhos.
A COBAR seguiu em frente!
Como testemunho disso temos as vozes dos antigos sócios que nos dizem, que quanto mais difícil estava a situação da cooperativa, mais vontade tinham que desse certo!
Finalmente foram comprados terrenos, onde ficariam as instalações definitivas da Cobar.
Com a compra destes terrenos foi possível a construção de uma ordenha com todas as condições de higiene requeridas pela lei, bem como um sistema de armazenamento de comida para o gado bovino. Este armazenamento denominado por silagem, fazia parte de uma área onde a Cobar também foi pioneira. Os milhos ainda verdes eram cortados com uma máquina especial e depois guardados num silo, onde eram conservados pelo sal que lhe era colocado.
Foi possível também, a construção de um aviário, que tinha como forma de aquecimento outra tecnologia onde a Cobar também foi das primeiras. Esta forma de aquecimento, designada por Biogás, consistia no aproveitamento dos estrumes dos animais que através dos meios próprios criavam assim fontes de energia alternativas.

Estas fontes de energia eram também aproveitadas, para o aquecimento de estufas, onde a Cobar produzia muitos dos legumes que comercializava no seu posto de vendas.
Tanto a silagem como o biogás, foram projectos que tiveram o apoio de técnicos nacionais e estrangeiros, e obtiveram a admiração de muitos, prova disso foram as muitas visitas feitas por alunos tanto do ensino secundário, do ensino superior, mas também de entidades politicas que quiseram acompanhar de perto todo o progresso desta cooperativa. Assim, personalidades como Lopes Cardoso, Victor Louro, Maria de Lurdes Pintassilgo, Otelo Saraiva de Carvalho, entre tantos outros tiveram a oportunidade de verem a Cobar no seu auge.
De salientar também, foi a importância que a Cobar teve na construção de um infantário, ideia esta que foi sugerida por mulheres e homens estrangeiros que vinham a Barcouço oferecer o seu trabalho e a sua ajuda na construção da cooperativa e que reparavam no facto de não existir um lugar com as condições necessárias para as mulheres da Cobar deixarem os seus filhos.
A Cobar ajudou também o futebol e a música, mas foi muito mais importante a sua luta para conseguir que a povoação de Barcouço fosse abastecida de água canalizada. Durante a vida activa da Cobar muito se pode ver a ser modificado nesta aldeia , e foi devido a todas estas transformações em tão curto espaço de tempo que levou a Cobar a entrar em declínio, já que a nível de conhecimentos técnicos, financeiros e até de mão de obra esta cooperativa se mostrasse cada vez mais fragilizada.
A cooperativa foi assombrada por falta de incentivos e de pessoas que continuassem esta obra com toda a força que a viu nascer e foi por isso que de uma época em que a vida da aldeia girava em torno desta, se começou a assistir a um afastamento dos sócios.
As terras outrora cultivadas pelos sócios com ajuda das alfaias agrícolas voltavam agora ao abandono e assim ao mesmo aspecto que tinham no ano de 1975.
As vacarias outrora cheias de animais, começaram a ficar vazias.
Os agricultores que aí levavam os seus animais para serem ordenhados começaram a desistir desta forma de rendimento e a desfazer-se dos mesmos e sendo assim, pouco a pouco todas as actividades da cooperativa entraram em cisão.
A última actividade a “cair”, foi o posto de vendas. Este começado com o intuito de escoar os bens produzidos na cooperativa, acumulou funções de sede, de local de pagamento aos sócios pelos trabalhos realizados para a cooperativa. Sim, porque a certa altura estes começaram a ser remunerados e aí talvez, apesar de ser um direito de quem trabalhe receber o seu salário, assistiu-se ao fim do trabalho e de uma luta por um ideal para se assistir ao lucro e ao negócio.
Em finais de 1994 a situação económica da cooperativa era grave. Devido a este facto os sócios, viram-se obrigados a constituir uma comissão liquidatária, que procedesse à venda de algum património para pagamento das dívidas existentes e actualizassem todas as contas.
Assim aconteceu e por isso diversos foram os sentimentos guardados por muitos. Alguns acham que as vendas foram mal dirigidas, outros que os sócios deveriam receber os valores que emprestaram para o arranque da cooperativa.
Muitos são os assuntos que estão ainda para resolver, no entanto, e passados 8 anos desde a última Assembleia-geral, os órgãos representativos desta cooperativa voltaram a reunir-se e pode-se ter esperança de que uma nova fase na vida da Cobar esteja no horizonte. Que fique sempre a certeza de que a sua luta não foi em vão, o seu trabalho não foi esquecido, e que as suas vozes ainda são ouvidas!

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