Treze anos de Guerra
Logística
Chegada de Coluna Logística |
"A Logística é o ramo dos conhecimentos militares que tem por fim proporcionar às Forças Armadas os meios humanos e materiais necessários para satisfazer as exigências de guerra." As Forças Armadas Portuguesas adaptaram a sua doutrina logística para situações de conflito a partir dos princípios e normas estabelecidos para a guerra convencional, no âmbito da NATO. Neles se estabelecem as cinco funções logísticas que reúnem grupos de actividades afins: Abastecimento, evacuação hospitalização, transporte, manutenção e serviços. Para as executar no terreno, prevendo as necessidades das tropas, organizaram-se serviços no Exército com as respectivas missões: Serviço de engenharia: trabalhos de construção, reparação e manutenção de instalações e vias de comunicação, montagem e exploração de redes de distribuição eléctrica, pesquisa e exploração de fontes de água e fornecimento de cartas topográficas; Serviço de transmissões: comunicação entre comandos e unidades, fornecimento do respectivo material, sua manutenção e reparação; Serviço de transportes: Organização e execução de transportes marítimos e terrestres; Serviço de material: operações de carácter técnico relativas a armamento, viaturas e munições; Serviço de intendência: abastecimento de víveres, combustíveis e lubrificantes, de fardamento, calçado, equipamentos e material de aquartelamento; Serviço de saúde: preservação da saúde das tropas e recuperação dos feridos e doentes, produção e distribuição de medicamentos.Transporte de tropas em lancha. |
Distribuição do Correio no SPM |
Além destes, foram ainda implantados outros serviços especiais, de que se destaca pela sua importância: A nível dos estados-maiores e dos quartéis-generais, a actividade logística era planeada e coordenada pelas 4ºs repartições. No exército, a responsabilidade superior a nível logístico cabia a um general designado como quartel- mestre - general; na Marinha, ao superintendente do material; na Força Aérea existia um comandante logístico. |
Socorrista, com Equipamento de Primeiros-Socorros, em Coluna Militar |
A importância decisiva do serviço de saúde deve-se, à violência dos confrontos, aliada às condições climatéricas, provocava elevado número de baixas por ferimentos e doenças, a que o9 serviço de saúde deu resposta através de um sistema de evacuação apoiado nos meios da Força Aérea e de tratamento nos seus órgãos próprios – as enfermarias, os postos avançados de sangue e de reanimação e, acima de tudo, o Hospital Militar da Guiné, em Bissau. Em Moçambique, a organização do apoio logístico foi, acima de tudo, condicionado pela configuração do território e pela localização excêntrica dos centros de decisão política e militar relativamente às zonas de operações. Rapidamente se entendeu o desajustamento de manter depósitos – base em Lourenço Marques, a 2000 km da fronteira norte, onde se desenrolavam as operações, pelo que a estrutura logística foi descentralizada, constituindo-se depósitos junto aos portos de desembarque da Beira, Nacala e Porto Amélia. A descentralização e o relevo que os transportes tiveram são características marcantes do apoio logístico em Moçambique e a importância destes levará à criação de uma chefia do serviço de transportes, dando-lhe um desenvolvimento que não teve em Angola ou na Guiné. Para fazer face às particularidades resultantes da configuração do território, o exército dividiu-o em quatro áreas logísticas, cada uma servida por um depósito base. Logística dos Movimentos de Libertação Os Movimentos de libertação assentaram o seu apoio logístico em bases no exterior, normalmente nos países Limítrofes. Os abastecimentos eram transportados por viatura até à fronteira e daqui para o interior por meio de colunas apeadas. A s linhas de reabastecimento tiveram importância diferente nos três teatros de operações, desde as facilidades do PAIGC em fazer chegar ao interior todo o tipo de equipamentos, víveres e munições até `extrema dificuldade do MPLA transportar por longos itinerários os meios para levar a cabo as suas acções. O mesmo problema viria a colocar-se também à Frelimo, com a abertura da frente de Tete. Os principais problemas que se colocaram aos movimentos, em especial em Angola e Moçambique, foram o transporte de minas e munições e o apoio sanitário aos seus combatentes e às populações sob o seu controlo. |