No interior do Helicóptero
Revista a uma Cubata
Evacuação dos Feridos
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Operação Vendaval
Durante um reconhecimento aéreo foi localizada uma base de guerrilheiros camuflada no interior da floresta. Referenciada a posição na carta da região, o comandante da zona decidiu que o objectivo se ajustava a acção dos comandos. A base encontrava-se relativamente longe do quartel das forças portuguesas em quadrícula, o acidentado do terreno e a existência de população na área exigia grandes cuidados, para os guerrilheiros não se aperceberem da aproximação dos militares portugueses. Razões suficientes para a opção pelo golpe de mão, a realizar por uma unidade de forças especiais.
Após o rápido estudo de situação, o comandante da companhia de comandos decidiu lançar o primeiro grupo (25 homens) de helicóptero sobre o objectivo, colocar os segundo e terceiro emboscados a leste e oeste, e manter o quarto de reserva. O capitão chamou os comandantes dos grupos e explicou-lhes a ideia da manobra: os segundo e terceiro grupos seguiriam a pé, aproveitando a noite, para ocupar as suas posições em volta do objectivo, de modo a constituírem um anel de cerco. Um progrediria a leste e outro a oeste, atravessando o rio. Os itinerários percorriam uma zona propícia a emboscadas, mas a noite era favorável a manter a surpresa. O segundo grupo levaria o único guia disponível. Em resumo: o primeiro grupo saltaria de helicóptero sobre o objectivo, enquanto aos segundo e terceiro competiria montar emboscadas nas zonas de acesso. O quarto grupo seria mantido em reserva, para actuar em reforço de algum dos grupos empenhados ou para eventual perseguição.
Recebidas as ordens, os comandantes dos grupos reuniram-se com os seus homens. Cerca das 22 horas, o segundo e terceiro grupos saíram para ocupar as posições, em silêncio, sem alterar a rotina da base. Os comandos tinham à sua frente longas horas de difícil marcha na escuridão, mas estavam treinados a percorrer os trilhos e conheciam a mata. Às cinco horas da madrugada, o segundo grupo atingiu as suas posições e, a essa hora, o terceiro chegava às margens do rio. Para estes homens, havia que vencer mais este obstáculo, procurar uma zona vadeável, com margens acessíveis. Do outro lado não havia sinais dos guerrilheiros, nem das populações, mas todos sabiam que tinham de evitar qualquer contacto até os seus camaradas do primeiro grupo realizarem o assalto ao acampamento. Os comandantes dos grupos que iam constituir o anel de cerco mandaram as suas equipas de cinco homens instalar-se em dispositivo de emboscada, e os rádios foram ligados em escuta permanente. Restava-lhes aguardar, quase imóveis e em silêncio, que a acção começasse.
Na noite anterior, os homens do primeiro grupo, que iriam participar no assalto à base, despediram-se dos camaradas que saíram, à noite, para o anel de cerco. Sentiam-se privilegiados por não terem de percorrer o longo caminho a pé e por lhes caber a parte mais decisiva da operação. De qualquer modo, quase todos tiveram dificuldade em adormecer. De madrugada, estavam já completamente armados e equipados quando os helicópteros se aproximaram para os embarcar. O capitão acertou os últimos pormenores com os pilotos, e a partir daí tudo o que se esperava destes comandos é que cumprissem a missão.
Um ligeiro cacimbo atrasou a partida da formação dos helicópteros, aumentando a ansiedade dos homens. O barulho das pás dos rotores e das turbinas tornou-se quase ensurdecedor e, finalmente, o primeiro aparelho deslocou, com o capitão junto à porta esquerda, sinal de que seria o primeiro a saltar.
O percurso até ao objectivo fez-se a muito baixa altitude, quase sobre as copas das árvores, para obter a surpresa e evitar ser atingido. Alguns minutos depois, os pilotos assinalaram o objectivo, junto a uma orla de mata, em zona de capim. Abertas as portas de desembarque, os helicópteros ficaram a pairar sobre este espaço livre apenas o tempo indispensável para os homens saltarem. O grupo de 25 comandos reuniu-se rapidamente, abrindo-se numa linha virada ao objectivo. Seguiu-se o assalto e, descobertas as primeiras cubatas escondidas na mata, os homens procuraram o melhor trilho de acesso, olhando para o lado em busca do apoio do camarada que os devia proteger em caso de necessidade.
Depois foram os tiros, as granadas, os vultos a correr, os corpos caídos, os ruídos de labaredas, gritos, pedidos de ajuda, ordens. Restavam os feridos, militares, homens e mulheres que ali viviam. Era necessário retirar rapidamente, proceder à evacuação e regressar à base. Os helicópteros voltaram, protegidos por um helicanhão, e receberam os comandos e os feridos.
O capitão fez um curto relatório da operação, com descrição sumária e uma alínea para os resultados da Operação Vendaval.
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Em Acção com Lança-Granadas-Foguete
Embarque para Heliassalto
Enfermeiras Pára-Quedistas em Apoio a Operações
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Operação Zeta
Em 7 de Junho de 1969, duas companhias de pára-quedistas (uma de Nacala e uma da Beira) foram lançadas na zona de Malambuage, a sul do rio Rovuma, onde se situavam pontos de apoio às infiltrações da FRELIMO, que partiam ao coração do planalto dos macondes, na zona de Mueda, Nangololo e Sagal.
Embora não se tenham registdo combates violentos, a operação Zeta constituiu uma das principais referências da actividade das tropas pára-quedistas em Moçambique. Foi o primeiro e o maior lançamento operacional destas forças naquele teatro de operações e um dos raros que ocorreram durante toda a guerra, permitindo surpreender os guerrilheiros, cuja organização defensiva estava montada para o alerta e a defesa contra forças que se aproximassem por terra, levando-os a dispersar e a abandonar grande quantidade de material. O que permitiu o ensaio de algumas manobras tácticas que vieram a melhorar o futuro desempenho das forças em operações, como a mudança de zona de acção de uma unidade em plena operação com o emprego de helicópteros em elevado número. Apesar do sucesso da operação, foram raros os lançametos de pára-quedistas durante os 13 anos de guerra, o que se deve, em primeiro lugar, às características da própria guerra de guerrilha, em que o objectivo dos guerrilheiros não é conservar a posse do terreno, retirando as forças regulares à medida que atacam; em segundo lugar, às caracteristicas do terreno, dado que as bases se situavam em zonas impróprias para lançamentos; e também à escassez de recursos das forças portuguesas, nomeadamente em aviões de transporte.
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Base de Fuzileiros
Operação no Niassa
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Operação Abanadela
A construção da barragem de Cahora Bassa exigiu a montagem de gigantesco dispositivo de segurança, no qual os fuzileiros ocuparam pontos nas margens do rio Zambeze - um a montante, no Magué, e outro a jusante no Tchirose. A partir destas bases, no interior mais profundo de Moçambique, as unidades de fuzileiros realizaram acções de patrulhamento fluvial, com a finalidade de impedir a passagem dos guerrilheiros da FRELIMO para sul, na direcção do Tete. Estas acções eram realizadas por equipas de 5 “fuzos” embarcados em botes Zebra III, que, percorrendo o rio ou deslocando-se por terra, procuravam vestígios da presença ou do trânsito de guerrilheiros. Era uma actividade cansativa, realizada em condições atmosféricas extremas, em que havia que vencer a rotina e manter a atenção permanente para evitar as surpresas do adversário, com grande mobilidade e capacidade de se diluir no meio.
Ao conjunto de patrulhas realizadas, entre 20 e 30 de Julho de 1970, pelo destacamento de fuzileiros com base no Thcirose foi dado o nome de operação “Abanadela”.
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