Procissão em Angola
Aspecto de Missa Campal
|
A igreja católica teve um papel decisivo na ascensão e queda do colonialismo português durante o Estado Novo (1926-1974). Este regime – produto da aliança entre a administração pública, as Forças Armadas e a Igreja Católica - era um Estado de ordens moderno, assente no monopólio da soberania daquelas três instituições.
O Estado Novo tinha, desde o seu início, a defesa das colónias como um dos objectivos. Os inimigos eram, então, as outras potências coloniais, em particular a Alemanha e a Itália, vencidas na II ª Guerra Mundial e às quais eram geralmente atribuídas ambições africanas. Também neste campo foi decisivo o papel da igreja na aliança. O seu símbolo era o acordo Missionário entre Portugal e a Santa Sé, assinado no mesmo dia da Concordata, em 7 de Maio de 1940, e que vigorou enquanto se manteve a soberania portuguesa em África. O acordo concedia ao Governo o direito de vetar as nomeações de bispos residenciais, subordinava todos os missionários àqueles prelados, entregava todo o ensino elementar dos indígenas à Igreja Católica e obrigava o Estado a financiar as missões em montantes superiores às verbas, aliás avultadas, que a 1ª República afectara à Igreja em África.
O apoio do Estado à Igreja vinha, pois, do tempo do anticlerialismo e o seu fundamento era laico: a Igreja civilizada, por isso o Estado dava-lhe dinheiro e reconhecia-lhe autoridade. A igreja, de acordo com as concepções da época, aceitava de bom agrado este papel: para evangelizar era necessário civilizar e civilizar significava aportuguesar.
A maior parte do financiamento do Estado às missões católicas ia para as escolas. O colonialismo português necessitava delas devido à presença das missões protestantes, quase exclusivamente estrangeiras. A igreja dependia dos dinheiros do Estado, foi isso que os católicos portugueses, mais poupados do que os Alemães e Italianos ou Franceses, nunca pagaram o esforço missionário, e para obter verbas orçamentais não hesitou em manipular o argumento de que os protestantes desnacionalizavam os nativos.
O começo das independências, após a 2ª Guerra Mundial, não impediu a Igreja Católica em Portugal de continuar a apoiar a presença portuguesa em África. O episcopado deixou claro, desde início da guerra, que não aceitaria qualquer contestação católica à política africana do governo. Embora com a perca de
Goa, a igreja apelava e incentivava á continuação do emprego e defesa dos valores nacionais ajudando assim ao fortalecimento e á preservação dos mesmos.
O problema africano dividiu profundamente a consciência católica portuguesa, a divisão que ocorreu tanto na metrópole como nas províncias ultramarinas, para usarmos a terminologia do Estado Novo.
|