Francisco Salgado Zenha

Francisco Salgado Zenha
(n.1923 m.1993)

Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Enquanto estudante universitário tornou-se o primeiro aluno eleito para a presidência da Associação Académica de Coimbra (AAC) durante o Estado Novo. Ocupou o cargo em fins de 1944 sendo demitido do cargo meses mais tarde por não ter aceite participar numa manifestação de apoio ao regime. Foi um dos fundadores do MUD-Juvenil (Movimento de Unidade Democrática-Juvenil) criado em 45. A sua intensa actividade oposicionista valera-lhe várias "estadas" na prisão sob a acusação de prática de "actividades subversivas". Apoiou a candidatura do General Norton de Matos à Presidência da República travando amizade com Mário Soares durante essa campanha eleitoral. Apoiou também a candidatura do General Humberto Delgado à Presidência da República em 1959. Envolveu-se em diversos movimentos, entre os quais a Resistência Republicana e Socialista em 55, a Associação Socialista Portuguesa em 65 e o Partido Socialista do qual foi membro fundador. Enquanto oposicionista à ditadura salazarista distingiu-se na defesa de diversos acusados de actividades contra o regime e colonialismo. Após o 25 de Abril destacou-se no processo que transferiu o poder dos militares do MFA para as mãos de civis eleitos. Foi ministro da Justiça no I, II, III e IV Governos Provisórios e ministro das Finanças no VI Governo Provisório. Esteve envolvido nas negociações da revisão da Concordata com a Santa Sé que levaram à legalização do divórcio. Entre 74 e 82 compôs a direção do PS e foi presidente do Grupo Parlamentar. Em 1980 entrou em ruptura política com o seu velho amigo Mário Soares devido à polémica levantada pelo apoio ou não ao candidato Ramalho Eanes. Nesse mesmo ano fez parte do Secretariado Nacional e em 1981, a sua moção é derrotada pela moção de Mário Soares. Em 1986 foi candidato à Presidência da República entregando para tal o cartão de militante do PS, mas apesar dos apoios do PCP e do PRD não passa à segunda volta. A partir de então, reduz ao mínimo a sua intervenção política. Em 1988 publica o livro "As Reformas Necessárias", súmula das principais ideias defendidas por Salgado Zenha na campanha presidencial. Morreu em 1 de Novembro de 1993.