Amílcar Cabral

Amílcar Cabral
(1924-1973)  

      
  Amílcar Cabral ocupou um dos mais importantes lugares entre todos os dirigentes nacionalistas das colónias portuguesas. A ele se deve o essencial das doutrinas, das estratégias, da organização de esforços e do estabelecimento de objectivos na luta contra o regime colonial português. Os seus princípios procuraram ser claros tanto quanto à Guiné, como aos povos dos outros territórios portugueses, tendo orientado o seu pensamento e acção por duas ideias fundamentais: a luta nacionalista fazia-se contra o regime português e não contra o povo português, também ele vitíma da ditadura; e a luta contra o regime português era a luta comum dos nacionalistas de todas as colónias portuguesas. A sua morte não afectou a caminhada da Guiné-Bissau para a proclamação da independência, mas viria a pôr em causa aquele que terá sido o seu mais acarinhado sonho – juntar as suas duas pátrias, Guiné e Cabo Verde.

 

A 27 de Outubro de 1971, Pedro George e José Medeiros Ferreira entrevistaram Amilcar Cabral para a revista Anticolonialismo publicada em Londres. A conversa decorreu na sede do Committee for Freedom in Mozambique, Angola and Guinea, organização com a qual colaboravam ativamente, uma espécie de embaixada dos movimentos de libertação, apoiada pela esquerda do Partido Trabalhista e por alguns sindicatos. Felizmente, os jovens exilados gravaram-na e guardaram a cassete. É reconhecida como sendo a única entrevista oferecida por Amilcar a portugueses e a mais significativa das suas últimas que ofereceu. Amilcar Cabral viria a ser assassinado em Janeiro de 1973.  O conteúdo contém aspetos premonitórios, mensagens claras ao governo de Portugal e temas caros ao pensamento de Cabral que encontram desenvolvimento noutros contextos. Entrevista disponibilizada pelo Grupo Internacional de Estudos da Imprensa Periódica Colonial do Império Português aqui.