27 DE MARÇO
 
Jor. c/ Rebello de Sousa?
Capital. 2ª edição?
Jorram petróleo e gás em Angola
Forças da NATO entram no Tejo: seis navios do Canadá, RFA, EUA, Grã-Bretanha, Holanda e Noruega, que compõem a chamada força naval permanente no Atlântico (Stanavforlant). São 1500 homens, mobilizados para manobras de rotina marcadas para 17 de Abril, anuncia-se.
A Sacor é a maior empresa nacional, indica o INE. Nos lugares cimeiros situam-se, por ordem decrescente: TAP, CUF, Shell, Siderurgia, Mobil, Companhia Portuguesa de Electricidade, Lisnave, CNRGE e Sonap.
Celebra-se o Dia Mundial do Teatro. "Bom dia a todos. Uma simples palavra que é o título de uma peça de William Sorayan. O teatro é criado por aqueles de entre nós que, em todo o mundo, não podem resistir à necessidade de dizer 'Bom dia' aos outros" - eis como começa a mensagem oficial da data, este ano a cargo do actor Richard Burton. Grupos portugueses acham detestável o tom do então ainda marido de Elisabeth Taylor, porque ele não expressa aquilo que mais une os profissionais de teatro: "as dificuldades diárias na concretização dos projectos de dignidade artística". A Cornucópia, os Bonecreiros, a Comuna e o Grupo 4 juntam-se por isso numa contestação pública, através de um documento que nos respectivos espectáculos substituirá a mensagem "oficial".
O jornal do regime "Época" dá primeira página à entrega, pelos autores, ao ministro do Ultramar, Baltazar Rebello de Sousa, do livro "Nós nunca seremos a geração da traição" (ver foto). "A Capital" faz uma segunda edição para dar aos seus leitores imagens de um assalto à delegação em Moscavide do Banco da Agricultura - cerca de 100 contos retirados num abrir e fechar de olhos por dois rapazes e duas raparigas.
As primeiras notícias falam em muitas dezenas de mortos numa acidente ferroviário esta manhã em Moçambique, província onde a profundidade das divisões na Igreja faz regressar o núncio apostólico, uma vez mais, a Quelimane, onde se reunirá com responsáveis de várias congregações religiosas, tidas como muito críticas da presença militar portuguesa no território. Antes, monsenhor Sensi avistou-se com o governador-geral, Pimentel dos Santos.
Lisboa precisa de 80 carteiros, anuncia o Serviço Nacional de Emprego (três contos e 300 escudos de salário mensal), enquanto Vila Nova de Gaia e Viseu reclamam serventes da construção civil a 120 escudo/dia. Das numerosas especialidades em falta, a mais bem paga é a de carpinteiro de cofragens e bate-chapas, a quem são oferecidos salários que variam entre os quatro e os sete contos.
Uma circular denuncia uma série de despedimentos "por represálias" de dirigentes e delegados sindicais dos Metalúrgicos na Cometna, Mec, Eugénio e Severino e na Mevil.
A prestigiada etiqueta "Chant du Monde" edita em Paris mais um disco de Luís Cília: "Contra a ideia da violência a violência da ideia", com poemas de Daniel Filipe ("Pátria, lugar de exílio"), Eugénio de Andrade, Mário Dionísio e Torquato da Luz.
Documento
"Com o propósito de intensificar a pesquisa e exploração do petróleo no litoral de Angola, efectuou-se ontem, na sede da associação Petrangol-Angol, a assinatura de um contrato 'farmaut' entre a mesma associação e as companhias petrolíferas americanas Ocidental, Amoco e Conoco. Outorgaram, em representação do Estado, o presidente da já citada associação, engº Luís de Sá Fernandes, e, pelas companhias Petrangol, o comandante António Ricciardi, pela Angol, o general Kaúlza de Arriaga e o dr. João da Costa Freitas. (...) Na cerimónia usou da palavra o engº Sá Fernandes, que pôs em destaque a importância que representa para o País o contrato agora assinado, afirmando que em breve se espera poder anunciar frutuosos resultados (...). Dos jazigos em produção (...) já se extraíram mais de quatro milhões de metros cúbicos de petróleo e 800 milhões de metros cúbicos de gás, a constituir portanto significativo contributo para a economia nacional."
"Época", 1ª página da edição de 27/3/74