Escola Informal de Fotografia - 2ª edição, Coimbra 2014

A  2ª edição da ESCOLA INFORMAL DE FOTOGRAFIA, organizada e orientada pela fotógrafa Susana Paiva,  tem estado a decorrer em Coimbra desde fevereiro. Este ano teve, entre outras, a parceria do CD25A.

No dia  27 de Julho realizou-se  a primeira apresentação pública ainda  working in progress, dos projectos  sobre o tema  25 de abril, desenvolvidos por alguns dos participantes na EIF.

Em Novembro terão lugar aas apresentações finais.


 

WIP | Work in Progress - Apresentação de projectos fotográficos em curso
com a participação de Ana Botelho, Frederico Dinis, Joana Orêncio, Ludmila Queirós e Raúl Salas González

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“Uma imagem é uma tentativa de tocar algo. É uma forma aproximada de transmitir algo.”
Roland Barthes


"En(caixa)r a liberdade" de Ludmila Queirós

Sinopse |

- A imagem da liberdade é limitada pela própria imagem da liberdade. –

"Até que ponto a liberdade não será no fundo limitada, tal como todo o processo de construção do nosso Ser?

Este Projecto artístico pretende ser uma construção física de um jogo visual de percepção da liberdade e da memória. Um dispositivo de reflexão sobre a liberdade na sua génese e seus limites. Aludindo ao acervo do Centro Documental 25 de Abril e partindo para uma viagem de contando histórias a crianças sobre uma revolução em prol da Liberdade, brincando (e permitindo brincar) com o seu imaginário e os seus próprios limites.

A forma mais clara de entender a liberdade é percepcioná-la nas crianças... Pois é nelas que o ser (além de estar mais permeável) ainda se encontra em crescimento e sem “tantos” limites, tantas barreiras... Mas até mesmo aqui a liberdade tem limites. (O próprio facto de ser-lhes dito: “vai, podes fazer o que quiseres” é condicioná-las a algo.)

A liberdade, tal como na génese de Ser é condicionada pelo contexto, pela própria pessoa que a vive, pela comunidade envolvente e até por questões físicas (ambientais, corpo,...). É fragmentária e fragmentada. É isso que pretendo que o meu projecto reflicta e permita reflexão."

Ludmila Queirós

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"Adeus até ao meu regresso" de Frederico Dinis

Sinopse:
Instalação que se desenvolve em torno de dez fotografias, representativas das expressões faciais dos militares mobilizados na Guiné, Angola e Moçambique, quando estes proferiam a frase “adeus e até ao meu regresso!”.
Esta frase tornou-se na frase mais emblemática da guerra do ultramar, que incorporava uma grande carga emocional, já que a mesma era proferida por quase todos os militares que combateram em África, depois de desejarem um Feliz Natal e Próspero Ano Novo aos seus familiares e amigos, quer através da rádio ou da televisão.
Estas fotografias funcionam assim como uma representação dos elos de ligação entre os militares e os seus entes queridos, relembrando uma época em que não existiam grandes possibilidades de comunicar com quem estava longe e onde a visão dos entes queridos na televisão funcionava como um bálsamo que aliviava a ansiedade e a aflição dos que viviam por cá.
As expressões faciais procuram ainda simbolizar a memória colectiva de todos os que foram envolvidos pela guerra.

Palavras-chave:
Apropriação, Arquivo, Documento, Imaginação, Memória.

Sobre Frederico Dinis |

Investigador e artista, nascido em 1974, que vive e trabalha em Coimbra, que utiliza meios sonoros e visuais.
Desenvolve o seu trabalho recorrendo a diferentes formatos como instalação, performance, teatro, fotografia, rádio, vídeo, gravações sonoras e obras musicais, construindo paisagens sonoras e visuais que procuram gerar interpretações diversas e emoções ambíguas e transportar o público para lugares desconhecidos.
Atualmente encontra-se a desenvolver sua linguagem, com o objetivo de promover processos audiovisuais inovadores e explorar as relações e diálogos entre som e imagem.
Integra os colectivos de criação e exploração artística POLYTOPE e ENDNOTES.
Nos últimos anos os seus trabalhos foram ouvidos e mostrados em diversos espaços, nomeadamente: Galeria Santa Clara, Aqui Base Tango, Salão Brazil, Casa das Caldeiras, Cine-Teatro Messias, Mosteiro de Santa Clara-a-Velha e Teatro Académico de Gil Vicente, e em eventos como Salva-a-Terra - Ecofestival de Música, Freedom Festival, PAISAGENS NEUROLÓGICAS e TEDxCantanhede.
Dos trabalhos que desenvolveu destacam-se os álbuns “chilled winter sunrise” (2013) e "gentle breeze at sunset" (2011); as performances audiovisuais “UTOPIA” (2014), “dreams and emotions” (2012) e “odd future” (2010); os teatros audiovisuais “Quadros do quotidiano” (2014) e “The Awakening” (2014); os concertos audiovisuais “Aquae fugit” (2013) e “H2O” (2013); as instalações "herbarium#01" (2014); as performances sonoras “future jazz chills” (2011), “lounge flavours” (2010) e “hypnotic electronic grooves” (2009); as exposições de fotografia “a casu et reflexione” (2013), “ars est celare artem” (2012); e os programas radiofónicos “Jazz Café” (2013), “Sound Flavours” (2013) e “Lounge FM” (2012).

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"Sonhos em rede" de Joana Orêncio

Sinopse |

"Eu ainda acredito em alguns valores defendidos em Abril. Ainda sonho,
através das fotografias da época, com uma realidade idílica para o
Portugal de hoje.
E se houvesse, sob forma de rede de partilha de imagens, um despertar de
consciências sobre aspectos democráticos do nosso país e sobretudo sobre
a força do povo português? Reflectir e criticar em rede, e sobretudo
sonhar em conjunto com um país mais justo."

Sobre Joana Orêncio |

Joana Orêncio
Alcobaça, 1989.

2013 Mestre em arquitectura pelo Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra.
2012/13 Participa no Workshop Intensivo de Fotografia do Espectáculo, sob orientação de Susana Paiva.
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Interessa-me o desenho que a fotografia proporciona e as palavras que pode dizer em silêncio.
São essas palavras que agora procuro – a partir das realidades e imaginações que me rodeiam.

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"O 25 de Abril e a Reforma Agrária" de Raúl Salas

Sinopse |

"As movimentações sociais do pós-25 de Abril deixam de exigir apenas o direito de melhor bem-estar, e mudam de paradigma, a questão que se coloca é mais abrangente: de quem é a legitima propriedade dos meios de produção e do património físico? Este projecto pretende olhar brevemente, por uma lado, à efervescência dos trabalhadores rurais em que se encontravam no pós-25 de Abril, e que motivou a sua organização no centro-sul do país, dando como resultado as ocupações de terras a margem da lei em 1975, forçando assim à existência do decreto da Reforma Agrária numa delimitada zona de intervenção (Alentejo e alguns Concelhos Limítrofes), em que a exploração das herdades era entregue aos trabalhadores rurais agrupados nas unidades colectivas de produção. Até Janeiro de 1976 a ocupação de terras atingia 1,2 milhões de ha e 1,1 milhões de ha foram expropriadas, das 1,6 milhões de ha possíveis por lei. A primeira Constituição referia que a Reforma Agrária era um processo de transferência da posse útil da terra e dos meios de produção para aqueles que a trabalham. Por outro lado, dado que nas subsequentes revisões da Constituição a Reforma Agrária sofreu limitações e na sua revisão na década dos 90´s a Reforma Agrária deixa de figurar, - cujo processo toma corpo com a controversa Lei Barreto, que não só limitou a entrega de terras aos trabalhadores rurais como também deu lugar a devolução de terras -, novamente as movimentações sociais procuraram inverter esse processo havendo registos destes movimentos. O projecto apresenta assim a recolha dalguns desses registos (a partir do Centro Documental 25 de Abril da UC e de outras fontes de informação): de assembleias, ocupações de terras, discussões, trabalhos agrícolas, cooperativas, gente que protesta, que ri, que tem esperança ou desilusão. Em fim o projecto tem imagens que podem fixar-se no nosso acervo iconográfico e imaginário, dado que registaram momentos crucias para a sociedade, por isso podemos dizer que estas imagens requisitam a nossa memória, accionam a nossa imaginação, porque não há imagens sem imaginação, ou seja, pretende-se que a associação da memória ao processo de imaginação constitua, uma das bases sobre a qual assente a experiência propiciada pela observação das imagens fotográficas apresentadas."


Sobre Raúl Salas González |

Nascido na Cidade do México em 17 de Março de 1960, onde morou até a conclusão do Mestrado em Ciências Biológicas na Universidade Nacional do México. Realizou estudos de doutoramento em Ciências Florestais em França onde também trabalho perfazendo uma estadia de aproximadamente 6 anos. Desde 1999 vive em Coimbra, sendo Professor na Escola Superior Agrária de Coimbra. Apesar de ser sempre interessado pela fotografia, começou apenas em 2012 a participar num par de Workshops em fotografia, organizados pela ESEC em que a formadora foi a fotógrafa Susana Paiva. Em Janeiro de 2014 faz parte do grupo de Coimbra da Escola Informal de Fotografia, também organizada pela fotógrafa Susana Paiva. O facto de ter vivido em diferentes países, e dada a oportunidade de ter contacto com culturas (pessoas) e ambientes diferentes por motivos profissionais e pessoais, encontra grandes interesses nas questões actuais e históricas dos povos, na expressão encontrada nestas sociedades, como também a clara relação ou vínculo dessa expressão (a acção do homem) na natureza. Dai o seu interesse em registar o actual ou “reviver” as saudades de factos não vividos.

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"COIMBRA.25.04.74 | 2014" de Ana Botelho

Sinopse |

"A partir do acervo do CD25A foi realizado um projeto fotográfico em torno dos conceitos “apropriação”, “arquivo”, “documento”, “facto”, “imaginação”, “memória”, “caminhada”, .
Através de imagens originais e da imprensa do arquivo do Centro de Documentação 25 de Abril dos acontecimentos públicos da semana de 25 a 28 de Abril 1974, construiu-se um percurso na cidade de
Coimbra.
Pretende-se que estas imagens de há 40 anos interajam com a própria cidade, e que na fruição da caminhada, reavive a memória daqueles que as reconhecem/viveram e mostrando aos outros o que aconteceu naqueles locais."


Sobre Ana Botelho |


Vila Real foi a minha primeira cidade, na memória tenho uma casa enorme e um jardim coberto de neve.

Cresci com Coimbra, aqui vivo e trabalho. Sempre enredada em livros, muitos anos dediquei ao estudo e a fornecer informação sobre uma região de 77 concelhos.

A cultura chamou-me a participar. Com a programação, gestão e desenvolvimento de projetos culturais.A acompanhar a produção artística e a fazer estudos e avaliação de património imaterial da Região Centro.
Cabe-me também a responsabilidade da informação e divulgação cultural.

A fotografia é uma companhia e com ela construo memórias e devaneios.