Coleções - Legislação - Spínola em Coimbra (31/5/74)

SPÍNOLA EM COIMBRA
(31/5/74)

Foi com viva emoção que escutei as palavras de saudação do presidente da comissão administrativa da Câmara Municipal desta velha mas sempre jovem cidade de Coimbra. Palavras que calaram fundo no coração de um português, que, como qualquer de vós, partilha da mesma legítima aspiração a um Portugal livre e democrático.
É, portanto, como cidadão que me dirijo ao povo de Coimbra, cidade tão antiga como a Pátria. Povo que nasceu, vive e trabalha à sombra de pedras impregnadas de tradição de história. Povo cujo espírito se caldeou em clima de constante evocação dos grandes liberais aqui formados que rasgaram novos horizontes ao mundo do conhecimento. Povo orgulhoso da sua Universidade - pólo de irradiação cultural e ao mesmo tempo centro de ideias criadoras, que sempre situaram Coimbra em posição de vanguarda no pensamento e na acção.
Por isso a gente conimbricense foi sempre aberta a ideários progressistas, a que não é alheio o permanente convívio com os jovens intelectuais que hospeda, lídimos representantes daquela juventude saudavelmente irrequieta que com generosidade e entusiasmo alimenta o progresso das nações.
Foi neste clima de síntese do passado e do futuro, e neste ambiente misto de tradição e de modernidade, que a cidade de Coimbra se transformou num centro de difusão de cultura e em notável pólo vanguardista do desenvolvimento social e político da Nação.
Deverá ser essa a razão por que os conimbricenses tão bem souberam entender o espírito liberal que inspirou o Movimento das Forças Armadas,
E termino na segura convicção de que Coimbra saberá consolidar na ordem a liberdade conquistada, construir no trabalho produtivo a prosperidade da sua gente e da sua terra. Saberá também compreender que para reivindicar é preciso primeiro edificar, e que não poderá distribuir-se riqueza sem primeiro a produzir. Saberá, enfim, o povo de Coimbra fazer uso da liberdade que lhe foi restituída, liberdade que se encontra na mais profunda tradição desta cidade, em cujas Cortes aprendeu a não abdicar dos seus direitos, com a legitimidade de quem respeita voluntariamente o pacto social a que aderiu.
E ao agradecer-vos esta recepção, não posso deixar de manifestar o conforto que levo da certeza de que o povo de Coimbra saberá manter bem vivo o espírito do Portugal Novo nascido na madrugada de 25 de Abril - um Portugal democrático, verdadeiramente livre e com mais justiça social.
Viva Portugal!

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