Coleções - Legislação - Spínola em Tancos (2/8/74)

SPÍNOLA EM TANCOS

(2/8/74)

Conhecemo-nos bem. Estão aqui presentes muitos oficiais, sargentos e soldados pára-quedistas que me conhecem das horas boas e das horas más, das horas de construção do progresso das terras do ultramar e das horas em que à guerra tivemos de responder com a guerra.
Para alguns de vós, é o seu velho comandante-chefe que lhes fala, animado pelo mesmo patriotismo de sempre e a mesma firme determinação. Por isso vos trago uma palavra de confiança e de calma - aquela calma e confiança que um combatente pode manter, pois sabe que não cede e que, conscientemente, joga a sua vida pela Pátria.
Acabastes de ouvir as palavras do vosso comandante, que foram palavras de um português e de um militar, definindo bem os objectivos de 25 de Abril. Seremos fiéis à linha do Movimento e à pureza dos seus princípios. Ouvistes há dias a minha comunicação ao País, na hora histórica em que nos encontramos com nós próprios, demonstrando inequivocamente a sinceridade e a autenticidade de uma política. As palavras do vosso comandante, ao descrever uma passagem da sua comissão na Guiné, demonstram que aquela comunicação representou, efectivamente, a cúpula de uma linha coerente de pensamento.
Não é na demolição sistemática, não é na constante agressão ideológica, não é fomentando ódios, não é ofendendo gravemente as Forças Armadas e pondo em causa princípios consagrados da ética militar que se constrói o futuro. Mas podeis ter confiança. O Chefe Supremo das Forças Armadas é o mesmo de sempre e não se desviará da sua ética militar, que se afinal, a ética da Pátria. Não suportaremos que algum português duvide das intenções das Forças Armadas. Foram elas que se bateram no ultramar e que fizeram o 25 de Abril; e continuarão hoje a defender a Pátria com a mesma determinação.
Encaro o futuro do País com calma e com verdadeira confiança; e essa confiança assenta fundamentalmente no alto sentido de patriotismo das Forças Armadas, onde situo, entre os melhores, o Regimento de Pára-Quedistas. Nunca virastes a cara nas horas de perigo; e é com homens como vós que se constroem as pátrias. Assim como construímos no ultramar, nos últimos anos, algo de que nos podemos legitimamente orgulhar, assim assumimos, no 25 de Abril, a responsabilidade plena de construir uma mãe-pátria melhor e com mais justiça social. Formulo votos para que o futuro que estamos edificando seja digno de vós.

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