ALTERAÇÕES AO CÓDIGO CIVIL EM MATÉRIA DE ARRENDAMENTO
DECRETO-LEI N.° 67/75, DE 19 DE FEVEREIRO
Considerando que a tendência para acentuar a função social da propriedade justifica eventuais restrições e limitações ao exercício do respectivo direito;
Tomando em conta a linha de defesa das classes mais desprotegidas e das partes contratuais menos favorecidas decorrente do espírito do Programa do Movimento dos Forças Armadas;
Usando da faculdade conferida pelo artigo 6.°, n.° 1, 3.°, da Lei Constitucional n.° 3/74, de 14 de Maio, o Governo decreta e eu promulgo, para valer como lei, o seguinte:
ARTIGO 1.º
Os artigos 1029.° e 1051.° do Código Civil passam a ter a seguinte redacção:
ARTIGO 1029.º
1. .......................................................
2. .......................................................
3. No caso da alínea b) do n.° 1.°, a falta de escritura pública é sempre imputável ao locador e a respectiva nulidade só é invocável pelo locatário, que poderá fazer a prova do contrato por qualquer meio.
ARTIGO 1051.º
1. [Actual corpo do artigo, com as suas alíneas a) a g)] .........
2. Nos casos das alíneas c) e d), manter-se-á a posição do locatário, com actualização de renda, nos termos legais, se assim for requerido.
3. O locatário que pretenda exercer o direito que lhe confere o número anterior deverá notificar judicialmente o locador no prazo de cento e oitenta dias, contados do conhecimento do facto determinante da caducidade.
ARTIGO 2.º
1. O disposto no n.° 3 do artigo 1029.° e nos n.os 2 e 3 do artigo 1051.°, ambos do Código Civil, é aplicável aos arrendamentos já existentes, mesmo que haja acção pendente, ainda que com despejo decretado, contanto que não efectuado, contando-se o prazo estabelecido no n.° 3 do artigo 1051.° do Código Civil a partir da entrada em vigor do presente diploma.
2. Nos arrendamentos contemplados no n.° 3 do artigo 1029.° do Código Civil, ainda que só verbais e anteriores a 1 de Junho de 1967, é concedida ao locador a faculdade de, no prazo de cento e oitenta dias, a contar da entrada em vigor deste diploma, notificar judicialmente o locatário para reduzir o contrato a escritura pública, não aproveitando a este o preceituado nesse número se por sua parte houver recusa injustificada.
3. Se houver acção ou execução pendente, nos termos dos dois números anteriores, deverá a mesma ser suspensa pelo tempo necessário ao exercício das faculdades aí conferidas, devendo cessar essa suspensão logo que a posição do locatário se mostre consolidada ou insubsistente; em tais casos, a notificação para a redução do contrato à forma legal pode ser feita no próprio processo, desde que a parte interessada nele o requeira até ao trânsito em julgado da decisão que decretar tal suspensão.
ARTIGO 3.º
O presente diploma entra imediatamente em vigor.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros. - Vasco dos Santos Gonçalves - Francisco Salgado Zenha,
José Augusto Fernandes.
Promulgado em 10 de Fevereiro de 1975.
Publique-se.
O Presidente da República - Francisco da Costa Gomes.