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PSD - Biografia Alongada


"Nos primeiros dias de Maio de 1974, três membros da antiga ´Ala Liberalª na Assembleia Nacional marcelista, Francisco S· Carneiro, Joaquim Magalhães Mota e Francisco Pinto Balsemão anunciaram a fundaÁ“o do Partido Popular Democr·tico, que adopta o lema ´Social democracia para Portugalª e se propže a realizar uma polÌtica de centro-esquerda para o PaÌs. Entre os seus membros origin·rios contam-se catÛlicos, que se tinham destacado na oposiÁ“o ao regime autorit·rio, e alguns republicanos histÛricos. O PPD participou, tal como o PS, em cinco Governos provisÛrios. Foi o segundo partido mais votado para a Assembleia. Votou favor·velmente a ConstituiÁ“o de 1976. Francisco S· Carneiro desde muito cedo afirmou-se como lÌder histÛrico do partido. Em 1975, em virtude da sua ausÍncia no estrangeiro por motivos de sa™de, foi substituÌdo na lideranÁa por Emídio Guerreiro, velho militante da oposiÁ“o, prÛximo de Humberto Delgado desde 1985. Ainda em 1975, o PPD conhece um primeiro perÌodo agitado da sua vida e uma cis“o importante no Congresso de Aveiro, onde abandonam as hostes o prÛprio EmÌdio Guerreiro, Jorge S· Borges e Carlos Mota Pinto, entre Carneiro, entretanto de regresso · lideranÁa. Este dirigiria o partido na oposiÁ“o em 1976 e 1977. O PPD apoiou em 1976 a candidatura do General Ramalho Eanes · PresidÍncia da Rep™blica, com o PS e o CDS. Em 1977 adoptou a nova designaÁ“o de Partido Social Democrata (PPD-PSD). Mas ainda nesse ano S· Carneiro abandona inesperadamente a lideranÁa do partido, por considerar a orientaÁ“o polÌtica dos seus companheiros de direcÁ“o demasiado conciliadora com o PS e com Ramalho Eanes. Estava em causa a necessidade de pÙr termo a um ´impasseª em que se encontrava a polÌtica nacional e que exigia n“o sÛ a constituiÁ“o de um bloco alternativo em relaÁ“o ao pÛlo protagonizado pelo PS, mas tambÈm a luta pela alteraÁ“o do ´sistema polÌticoª. A lideranÁa do partido foi ent“o assegurada, no fim de 1977 e no prÌncipio de 1978, por AntÛnio de Sousa Franco, um jovem professor de Direito, que renunciaria ao cargo por falta de condiÁžes para o exercer. S· Carneiro regressa em 1978, atacando com vigor a ambiguidade do ent“o presidente de Rep™blica, o peso do poder polÌtico-militar e as orientaÁžes estatizantes socialistas. A crÌtica vai tornar-se, porÈm, progressivamente mais contudente a partir do momento em que o chefe de Estado inicia as ExperiÍncias de Governos de ´iniciativa presidencialª - Nobre da Costa, 1978; Mota Pinto, 1978-1979 e Maria de Lurdes Pintasilgo, 1979. Em Abril de 1979 tem lugar nova cis“o no partido, que leva ao abandono dos ´conciliadoresª com Eanes e o PS - os 37 deputados das´OpÁžes inadi·veisª - que continuar“o no Parlamento como independentes. Poucos meses depois o PPD/PSD encontra o antÌdoto eficaz contra t“o extensa hemorragia de quadros e militantes e celebra com o CDS e o PPM o acordo que institui a AlianÁa Democr·tica (AD) - a qual alcanÁaria a maioria absoluta nas eleiÁžes de 1979 que conduziriam S· Carneiro · chefia do VI Governo Constitucional, e nas de Outubro de 1980. O PSD sofreu, porÈm, em Dezembro de 1980, um irrepar·vel golpe com o brutal desaparecimento, num acidente de avi“o, de Francisco S· Carneiro - nos ™ltimos dias da campanha presidencial, em duro combate polÌtico, atravÈs do qual o partido apoiava o general Soares Carneiro contra o general Ramalho Eanes. Francisco Pinto Balsem“o assumiu ent“o a lideranÁa do PSD e a chefia do Governo (1980-1983). A AD n“o sobreviveria, porÈm, ao ligeiro revÈs aut·rquico de 1982, tendo o seu desaparecimento arrastado a demiss“o do lÌder e a sua substituiÁ“o por Carlos Mota Pinto, um dissidente de Aveiro, entretanto regressado ao partido. Apesar do PSD ter obtido o segundo lugar nas eleiÁžes legislativas de 1983, concordou em celebrar um acordo de coligaÁ“o com o PS - constituindo-se o governo do Bloco Central, respons·vel por uma polÌtica de austeridade econÛmica, ditada pela crise financeira profunda que o PaÌs ent“o atravessava. No inÌcio de 1985, Mota Pinto foi levado, todavia, a abandonar a chefia do Partido, em face do crescendo das crÌticas internas. Foi substituindo, interinamente,por Rui Machete. Mas em Maio, realizar-se-ia na Figueira da Foz, em condiÁžes de especial dramatismo, o congresso do Partido, poucos dias depois da morte de Carlos Mota Pinto. Inesperadamente, AnÌbal Cavaco Silva È eleito novo presidente do PSD, vencendo Jo“o Salgueiro, graÁas ao apoio do grupo de Coimbra, dirigido por Fernando Nogueira. Esta eleiÁ“o conduzir· ý dissoluÁ“o da Assembleia pelo presidente da Rep™blica e ý vitÛria eleitoral do PSD em Outubro, com maioria relativa. AtÈ 1987, Cavaco Silva ser· presidente de um Governo homogÈneo e minorit·rio, que viria a caÌr no Parlamento em virtude da aprovaÁ“o de uma moÁ“o de censura apresentada pelo Partido Renovador Democr·tico e apoiada por toda a oposiÁ“o de esquerda - facto que levou ý dissoluÁ“o da Assembleia pelo presidente Mário Soares e ý convocaÁ“o de eleiÁžes gerais para Julho, das quais resultou a vitÛria do PSD com maioria absoluta, facto inÈdito desde 1976, por se referir a um sÛ partido e n“o a uma coligaÁ“o. Em 1985 o PSD apoiara a candidatura de Diogo Freitas do Amaral contra a de M·rio Soares. Em 1991 o PSD, presidido por Cavaco Silva, veria reforÁada a sua maioria parlamentar, ao voltar a superar a barreira dos 50% dos votos. Viu-se, assim, confirmada a estratÈgia baseada na apresentaÁ“o do PSD como catch all party, com um projecto pouco marcado ideolÛgicamente e dando especial destaque ý sua vocaÁ“o de poder."
 
(Perfil retirado de: "Revista de Assuntos Eleitorais - STAPE").

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