I N V E N T Á R I O D E E S P Ó L I O
Fernando Piteira Santos
• INTRODUÇÃO
O espólio em apreço será denominado Espólio Piteira Santos porque, embora integre alguma documentação pessoal da sua esposa, D. Maria Stella Bicker Correia Ribeiro, é constituído, quase na totalidade, por documentação produzida e recolhida pelo dr. Fernando Piteira Santos durante toda a sua longa e activíssima vida.
A documentação foi oferecida pela Senhora D. Stella Correia Ribeiro e deu entrada no Centro de Documentação 25 de Abril, por várias remessas, ao longo dos anos de 1993 a 1998.
Acondicionada em caixotes, depois de um cuidadoso trabalho de selecção efectuado pela doadora e pela drª Natércia Coimbra (assessora principal de biblioteca arquivo e documentação do CD25A), a documentação evidenciava uma ténue organização original. O estado de conservação dos documentos à chegada, considerou-se, de uma forma geral, bom.
No respeito pelos critérios de arrumação originais procedeu-se à substituição completa das ferragens dos "dossiers", como medida de precaução contra o perigo de oxidação que, aliás, alguns deles já indiciavam.
A documentação entregue abarca, predominantemente, as décadas de 50 a 80 do século XX, mas não é raro depararmo-nos com documentos de séculos anteriores, o que se explica pela natureza e âmbito dos trabalhos de investigação de Piteira Santos.
Na suas secções mais representativas, o espólio reflecte as actividades de Piteira Santos enquanto activista da Oposição Política e militante da FPLN, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, sub-director do Diário de Lisboa, membro da Comissão do Livro Negro contra o Fascismo e, finalmente, enquanto ensaísta, investigador, etc. Dissemos "nas suas secções mais representativas " porque há para além delas, toda uma enorme actividade que este homem de cultura, figura ímpar da intelectualidade portuguesa do séc.20, desenvolveu e cuja referência se pode encontrar, quer na resenha biográfica, quer no quadro classificativo que se seguem.
Criou-se, para a documentação doada, um quadro de classificação que reflecte o esquema de organização do fundo. As secções, subsecções, séries e subséries que o compõem foram estabelecidas com vista à produção de um INVENTÁRIO, e o critério para o seu estabelecimento teve em atenção o princípio do respeito pela estrutura (segundo o qual os documentos devem ser organizados de acordo com a estrutura de funções e actividades do indivíduo ou organização que os criou) e o princípio do respeito pela ordem original (segundo o qual um fundo deve receber uma organização correspondente àquela que lhe foi dada pelo seu detentor, a fim de se preservar as relações entre os documentos).
Assim, a grelha de classificação relativa ao arquivo apresenta três secções que retractam as actividades políticas do doador no exílio:
I - ACTIVIDADE PÚBLICA
II - ACTIVIDADE PRIVADA
III - DOCUMENTAÇÃO DIVERSA
Para as duas primeiras secções foram estabelecidas subsecções, segundo o critério orgânico (organização dos documentos de acordo com os responsáveis pela sua produção). Para algumas delas foram estabelecidas séries e subséries, segundo o critério tipológico (tipo do documento suporte de informação).
Quanto às monografias (livros e brochuras) e às publicações periódicas (jornais e revistas), fotografias, autocolantes, documentos audio e video e recortes de imprensa, decidiu-se tratá-los e arrumá-los, fisicamente, junto dos documentos do mesmo tipo já existentes no Centro (na Sala de Leitura e Depósito ).
Relativamente aos prazos de divulgação do conteúdo da documentação e dado tratar-se de um arquivo privado respeitar-se-á, antes de mais, a vontade expressa do doador que, após a leitura do inventário prévio do espólio, nos indicou quais os documentos cujo conteúdo quei manter sob reserva e respectivos prazos de abertura ao público. No presente caso nõa foi colocado qualquer tipo de reserva de acesso à documentação. Assim, todos o outros documentos irão sendo gradualmente colocados à consulta do público depois de cumprida as tarefas de carácter técnico necessárias à sua total preservação e sempre de acordo com os prazos previstos na legislação portuguesa.
Quanto à correspondência e a exemplo do que acontece com outros fundos de arquivo existenets neste Serviço, naquela que não seja estritamente de carácter político, pode haver necessidade de recorrer a expurgo, por razões de reserva da vida privada.
NOTA: Embora já inventariada, parte da documentação poderá não estar ainda totalmente catalogada e disponível para consulta do público.
• Resenha biográfica / Generalidades
(elementos retirados da documentação do espólio de Piteira Santos)
Fernando António Piteira Santos nasceu na Amadora, numa vivenda que fazia esquina entre a ruas Diogo Bernardes e Guilherme Gomes Fernandes, em 23 de Janeiro de 1918. Foi o único filho vivo dos três partos que teve a sua mãe, D. Leonilde Bebiana Piteira. O pai - Vitorino Gonçalves do Santos - foi um homem de profundas convicções republicanas. Militar de carreira, no ramo da marinha, participou na revolução de 5 de Outubro de 1910, facto que lhe valeu a distinção e condecoração com a Grã Cruz de Guerra.
Na Amadora, onde viveu até aos 39 anos, Piteira Santos fez a sua escolaridade básica. Frequentou o Externato Alexandre Herculano, tendo desenvolvido, paralelamente aos estudos, uma intensa actividade desportiva. Sócio do Clube de Futebol Estrela da Amadora foi atleta da Associação Académica da Amadora e do Sporting Clube de Portugal, clube pelo qual sempre nutriu uma profunda simpatia.
Concluído o ensino secundário, no Liceu Passos Manuel, matriculou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no curso de Histórico-Filosóficas. Ainda estudante fez parte do grupo de intelectuais e artistas conhecidos como neo-realistas (de onde iria nascer o jornal " O Diabo ") e ingressou na Juventude Comunista tendo, na década de 40, desempenhado um papel importante na reorganização dos sectores juvenil e intelectual do PCP. Fundador do MUNAF (Movimento de Unidade Nacional Anti-Facista) foi, durante o III Congresso do PCP, eleito para o seu Comité Central cabendo-lhe, até à sua prisão em 1945, a direcção do sector militar do partido. Um ano depois, em 1946, casa, em segundas núpcias, com Maria Stella Bicker Correia Ribeiro.
Expulso do Partido Comunista em 1950, acusado de "titista" e de "revisionista", Piteira Santos aproximou-se, então, da Resistência Republicana e Socialista vindo a ser, em 1961, um dos subscritores do "Programa para a Democratização da República". Na viragem do ano de 1961 para 1962 participou no assalto ao quartel de Beja. O fracasso do golpe acabou, no entanto, por ditar a sua passagem à clandestinidade e posterior exílio no Norte de África, onde viria a manter-se até ao dia 2 de Maio de 1974. Em Argel, participou na fundação da FPLN (Frente Patriótica de Libertação Nacional), de cuja Comissão Delegada chegou a fazer parte, desenvolvendo, nesta estrutura, um trabalho importante visando a criação de uma frente unitária de oposição ao regime salazarista. Foi, de resto, um dos responsáveis pelo efémero entendimento entre Humberto Delgado e o PCP, consumado pouco tempo antes da morte do general.
Depois da "Revolução de Abril"de 1974, Piteira Santos regressou a Portugal. Entre 1974 e 1988 leccionou na Faculdade de Letras de Lisboa e na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, orientando cadeiras, seminários e dissertações dedicadas ao estudo das questões metodológicas da História e dos regimes fascistas e totalitários, em particular do "Estado Novo". O interesse por esta temática terá sido determinante na sua nomeação para a Comissão do Livro Negro do Fascismo. Historiador de método, foi um dos precursores da escola dos "Annales" no nosso país, constituindo a sua obra Geografia e Economia da Revolução de 1820 um exemplo cabal de uma história total. Escritor prolixo não se dedicou exclusivamente à História, abarcando outras áreas do saber, nomeadamente a economia, onde publicou o livro As grandes Doutrinas Económicas, dado à estampa sob o pseudónimo de Arthur Taylor. Deixou igualmente uma vasta colaboração dispersa por diversos periódicos centrada, sobretudo, na história do movimento operário e do Portugal contemporâneo tendo, em 1979, publicado a obra Raul Proença e a Alma Nacional, pensador por quem sentiu um enorme fascínio nos últimos anos da sua vida.
A última lição de Piteira Santos ocorreu no dia 30 de Junho de 1998, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Além de professor e Historiador, Piteira Santos desenvolveu outras actividades profissionais. Trabalhou nas editoras Europa-América e Sá da Costa e foi jornalista. Chefe de redacção da revista "Ler" assumiu, após 1974, o lugar de director adjunto do "Diário de Lisboa" onde, a partir de 1976, manteve uma importante coluna de análise política intitulada Política de A a Z.
A sua última aparição pública ocorreu quatro dias antes do seu internamento, num almoço de resistentes antifascistas realizado na Sociedade Voz do Operário.
Morreu no dia 28 de Setembro de 1992, no Hospital de Santa Maria, onde havia sido internado em 9 de Julho, vítima de problemas cardiovasculares.
O corpo do extinto esteve em velada na Voz do Operário e daqui saiu o cortejo fúnebre, no dia 29, com destino ao cemitério dos Prazeres. Piteira Santos ficou sepultado em jazigo de família.
À beira da sua última morada, estiveram no uso da palavra Mário Soares, Manuel Alegre e António Abreu (PCP).
• Resenha biográfica / nota biográfica de sua mulher, dadora do fundo
(dados retirados do site "Antifascistas da Resistência", entrada de 1 de julho de 2015)
Stella Piteira Santos (2017-2009)
«Curiosamente nunca tive medo físico. Penso que naquela altura trabalhávamos com tal amor, púnhamos tanto de nós nas coisas que fazíamos, que o medo, se existia, não dávamos por ele.» - disse Stella, a abnegada militante antifascista, a cidadã corajosa, inteligente, de uma grande modéstia. Maria Stela Bicker Correia Ribeiro, primeiro, Fiadeiro, e depois, Piteira Santos, foi uma resistente antifascista com uma vida de luta, que avançava contra ventos e marés, preconceitos e estereótipos. Vencia as adversidades com uma serenidade invejável. Recebeu das mãos de Jorge Sampaio a insígnia da Ordem da Liberdade.
Seguem-se dois testemunhos sobre a vida de Stella, um de Manuela Cruzeiro, investigadora no CD25A e no Centro de Estudos Sociais da UC, por ocasião da sua morte; outro da filha, Maria Antónia Fiadeiro, na celebração do seu 90º aniversário.
1. Testemunho de Manuela Cruzeiro
Os mais novos compreenderão mal o alcance destas palavras de quem aos 17 anos trocou o conforto de uma vida burguesa a que te destinava a tua origem e a tua condição de mulher, pela perigosa aventura do combate anti-fascista.
Com uma alegria, uma coragem e um amor incondicionais: pelo teu povo, pelos teus companheiros e amigos, pelo teu marido, Fernando Piteira Santos, que acompanhaste durante 44 anos, incluindo os 13 de exílio em Argel.
Disseste a dada altura: «fiz tudo para que ele pudesse fazer a sua vida politica. A minha fazia-a com ele». Não, Stella, não foste só a esposa dedicada e abnegada, com duplas e triplas tarefas familiares e profissionais, mais ou menos obscuras. A motorista, a secretária, a telefonista… Foste uma mulher singular à altura de um homem singular, porque é também singular e única a energia que fez de ti uma pioneira na luta pela emancipação das mulheres. À censura, ao medo e à banalidade da ditadura, respondias com gestos de arrojo, rebeldia e provocação. Como recordou a tua filha Maria Antónia - por ocasião dos teus 90 anos - trabalhavas fora de casa e sempre exerceste a tua profissão (excepto quando to impediu a policia politica), completaste o 7º ano já com dois filhos pequenos, tinhas carta de condução, fumavas, vestias calças compridas sempre que te apetecia.
A par disto, participaste, apenas com 21 anos, na fuga histórica de Pavel, foste sócia fundadora da Associação Feminina Portuguesa para a Paz, aderiste ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, presidido pela tua amiga Maria Lamas.
E foste a alma e durante algum tempo a principal locutora da Rádio Voz da Liberdade. Apenas uma ínfima parte da tua acção de apoio, a todos os níveis e em todas as frentes, aos exilados portugueses em Argel. Mãe Stella! Lembras-te? Era assim que Manuel Alegre diz que te chamavam. A memória afectiva dos que te conheceram é assim que te recordará. A memória oficial dar-te-á, espero, um lugar de destaque na história da resistência e das mulheres no século XX deste país.
Hoje, se pudesse estar presente na tua despedida, gostaria de te levar um ramo de flores de amendoeira da tua terra, a quem deves esse sorriso radioso que te acompanhou até ao fim».
2. Testemunho de Maria Antónia Fiadeiro
Este é o dia do aniversário dos teus 90 anos. Nasceste no princípio do século passado, em 1917, o ano das grandes utopias socialistas na Europa, utopias a que aderiste, aos dezassete anos, eras uma menina, quando te casaste com o nosso pai, Inácio Fiadeiro. O teu pai médico militar estava na Flandres, em França, fazendo a 1ª Grande Guerra e foi ele que telegrafou para a tua mãe o nome que viria a ser o teu: Stella. A tua mãe, Maria do Carmo Bicker fora de Lagoa para Portimão para poder dar-te à luz nas melhores condições de saúde e de apoio familiar. O Algarve é a tua terra, como sempre dizes, com veemente alegria. O Algarve outrora das amendoeiras em flor, hoje dos longos aloendros floridos.
Casaste uma segunda vez, em 1948, com Fernando Piteira Santos, um amigo e companheiro de lutas estudantis políticas, que fora padrinho de tua filha (eu própria, nascida em 1942) que viera, uns tempos antes, da cadeia Forte de Peniche. Foste então viver para a Amadora, a sua cidade natal, então uma vila. Viveste com o Fernando durante 44 anos, como tantas vezes sublinhas, para salientar o teu marido-companheiro-de-uma-vida, que sempre acompanhaste corajosamente, nos seus escritos e nas suas lutas políticas, até à sua morte inesperada, em 1992, aos 74 anos. Foste uma esposa dedicada, abnegada, que respeitou e ajudou com coragem e determinação as actividades pela liberdade e contra a ditadura em Portugal, que durou tantos anos, tantos anos, quase 50 anos. Sempre fiz tudo para que ele pudesse fazer a sua vida política. A minha, fazia-a com ele. Tudo era mesmo tudo. Fazias de motorista, de secretária, de telefonista, passavas à máquina os manuscritos, fazias pesquisas na Biblioteca Nacional, além de assegurares a gestão e a contabilidade domésticas. Duplas e triplas tarefas. Estiveste presa, foste refém, quase dois meses, em Caxias. Acompanhaste-o no longo exílio de quase 13 anos, onde sempre exerceste a profissão que já tinhas em Portugal, a de secretária bilingue executiva, em grandes empresas, como a Siemens, por exemplo. Foste funcionária do Ministério de Turismo da Argélia de Bem Bella. Ocupaste, pois, como profissional, cá e lá, cargos de confiança e de responsabilidade, onde sempre te reconheceram a lealdade e a competência.
Foste, desde jovem, uma nova mulher moderna. Completaste o 7º ano já com dois filhos pequenos, tinhas carta de condução desde os 40 e guiaste até ao novo milénio. Trabalhavas fora de casa, fumavas (tens um enfisema pulmonar), vestias calças compridas sempre que te apetecia e também escrevias à máquina em casa (uma portátil que pesa «toneladas»), quase sempre à noite, durante 44 anos, praticamente.
Participaste em 1938, grávida de teu primeiro filho, com 21 anos, na fuga do Aljube do António, o mítico Pável, então do Comité Central do Partido Comunista Português, uma fuga histórica, muito pouco falada, mas muito bem sucedida. Foi por causa dele que deram o nome de António ao vosso filho (nascido em Setembro de 1938) cujo padrinho foi o Cunhal, então vosso companheiro e amigo. É por isso que o meu irmão se chama António e é por causa do meu irmão que eu me chamo Maria… Antónia… Éramos, somos, fomos «os Toninhos». A história da nossa família funde-se intimamente com a história política antifascista de Portugal, ou, se preferires, cruza-se perigosamente. Dois anos antes, em 1936, no ano da Guerra Civil de Espanha – houve grandes e devastadoras guerras na Europa do Século XX – foste sócia fundadora da Associação Feminina Portuguesa para a Paz. Foste uma jovem cidadã interveniente, uma adolescente emancipada. Mais tarde, em meados dos anos 40, aderiste ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, era então presidente Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas, a mítica Maria Lamas, tua amiga. Foste uma nova mulher, uma mulher moderna. Ainda és uma avó moderna e uma bisavó moderna.
Completares, hoje, dia 1 de Junho de 2007, 90 anos, de uma forma lúcida, afável e tão comunicativa, é também uma grande prova de resistência moral e física. O exercício da tua livre vontade em vires para aqui, onde já «moras» há um ano, e largares a tua casa com jardim, em frente à Gulbenkian, as tuas mobílias, os teus objectos, as tuas jóias, os teus papéis, as tuas panelas, as tuas coisas, enfim, foi uma surpresa para nós todos, filhos, netos e amigos e, porventura, foi também uma grande surpresa para ti. Foi uma grande coragem. Com a mesma coragem com que enfrentavas a polícia, recusaste o isolamento. Presa à vida e agarrada ao telemóvel, soubeste desprender-te. Não te bastava viver, querias conviver. A sobrevivência à repressão, à censura e ao medo, face à banalidade da ditadura, tinha sido diária e muito, muito longa.
Aqui, tens um quarto que é teu e para onde pediste que te trouxesse, uma cómoda que era da tua mãe; duas cadeiras de braços em esquina, que pertenceram à casa dos teus bisavós; uma pequena aguarela com uma chaminé e uma buganvília do Algarve cheio de sol; uma pequena pintura, muito escura do Cunhal pai, uma família amiga da família dos teus pais; a foto de casamento de teus pais; uma foto do teu marido, Fernando Piteira Santos, na antiquíssima moldura que já fora de sua mãe Leonilde; fotos dos filhos, dos netos e dos bisnetos, uma foto do teu neto, João, artista coreógrafo e bailarino, em palco; uma carta com uma aguarela da tua neta, Isabel, artista pintora na Mauritânia; uma foto do casamento do teu neto Pedro; a reprodução do brasão da tua família do lado Bicker e uma fotografia oficial, em que recebes das mãos do Presidente Jorge Sampaio, no início deste milénio, a insígnia da Ordem da Liberdade. Ah! E é claro, as tuas toilletes, o teu guarda-roupa. E, claro, as tuas bijutarias, as tuas fantasias e as tuas bugigangas.
Com estes poucos pertences e os muitos cuidados que aqui tens, manténs a tua proverbial elegância e o teu sorriso radioso, uma cara laroca, às vezes, de uma exigência extrema, com modos de muito mando, em legítima defesa, como comentas sibilinamente. Experiências de autoritarismo adquiridas na dura luta dos antigamentes, como insinuas, mais ou menos com estas palavras. Pequenos e plenos poderes perversos.
És uma senhora educada e conversadora, muito convivial, com quem se gosta de conversar e de rir, todos sabemos. Os amigos que reunimos hoje à tua volta e muitos outros, admiram-te e apreciam-te e têm-te dado bastas provas disso. Sempre foste uma senhora inteligente e elegante, embora insistas, muito frequentemente, nos cabelos sem pente, sinal de rebeldia intrínseca.
Stella Piteira Santos. Conquistaste o direito à tua improvável biografia, contra ventos e marés preconceitos e estereótipo, um feito que te dá lugar, por mérito préprio, na História das Mulheres deste país, no século XX.
Tens aqui, comigo, hoje, amigos e amigas de longa duração. Amigas e amigos sem prazo de validade, de antes e depois de Abril, amizades que ainda cultivas e que também resistem ao tempo e aos tempos. A tua agenda de telefones, que dá nas vistas, bem grande, bem organizada e bem cheia (vestígios perenes do exercício da tua profissão?), tão cobiçada e tão útil, que trazes sempre contigo, na tua mala de senhora, junto com o telemóvel sempre activo, é uma enorme prova da tua ânsia de comunicação e de convívio. A democracia assim deve ser entendida: participativa, participante, comunicativa, tolerante. A democracia, quando nasce, é para todos.
Sempre foste uma resistente, em muitos sentidos, mãe, mas essa época acabou, com o século XX, o século assassino das grandes guerras e das pequenas e grandes ditaduras, na Europa. O futuro tem pressa e vem aí a alta velocidade digital. Há novos mundos na Europa do Ocidente e do Oriente. Já não há só novas mulheres. Há novos homens, novos jovens e novos pais, novas famílias que crescem. O tempo das pioneiras acabou no ocidente. Há países novos na Europa do século XXI. E em todo o mundo, novos países livres surgem. Há, também, muita pobreza, muita miséria, muita ignorância. Ainda não soubemos, nós os humanos, acabar com esse flagelo social. Intenso, tenso, embora para qualquer pessoa de bom senso a resolução da fome no mundo, seja um simples problema de aritmética.
Agora, tu que nunca te deitavas de dia na cama, já não resistes às sestas com oxigénio, mas ainda resistes dificilmente, heroicamente aos molhos e aos doces, tu que foste uma doceira e uma cozinheira de gabarito, embora nunca tivesses sabido fazer bifes… Porque é eu nunca me deste a receita da sopa de amêijoas brancas? Também, é verdade, que não resistes aos múltiplos mimos que te prodigalizam. És uma mimocas, dizem-me.
Estás dentro da razão, mãe. A verdadeira democravia promove e autoriza a liberdade das ideias e do pensamento, tal como a liberdade das emoções e dos sentimentos, e muitas, muitas outras liberdades vitais, como sabemos.
Mãe: estamos muito contentes com os teus 90 anos e com a presença dos teus amigos, entre os quais nós, os teus filhos, os Toninhos, se sentem incluídos. São as forças vivas do teu coração.
Esta festinha de aniversário dos teus 90 anos é uma homenagem à tua vida, Mãe. Muitos parabéns.
(1) Manuela Cruzeiro http://caminhosdamemoria.wordpress.com/.../stella.../
(2) Maria Antónia Fiadeiro, em "As causas da Júlia"
http://ascausasdajulia.blogspot.pt/.../no-adeus-stella...
• Resenha biográfica / Outros dados
(elementos retirados da documentação do espólio de Piteira Santos)
ANTÓNIO FERNANDO PITEIRA SANTOS
1918-01-23 - Nascimento (Freguesia da Amadora)
1938-04-21 a 1938-09-05 - 1ª prisão no Aljube e Porto (Processo 417/38)
1940-07-31 a 1947-07-19 - Casamento com Cândida Margarida Ventura
1943 - Membro suplente do CC do PCP (pseudónimo: FREDERICO)
1943 - MUNAF (Pertenceu ao Comité Executivo, em representação do PCP)
1945 - Controleiro do MUNAF a sul do Tejo (pseudónimo: FRED)
1945 - Controleiro do Comité Regional do Oeste Sul do PCP (pseudónimo: FRED)
1945 - MUD
1945-07-12 a 1946-03-16 - Prisão no Aljube e em Caxias (Processo 729/45)
1949 - Sócio nº 5010 da Cooperativa dos Trabalhadores de Portugal, S.C.A.R.L.
1950 - Sócio nº 961 da Caixa Económica Operária
1950 - Expulsão do PCP
1950 - Europa-América (tradutor, prefaciador de obras. Publicou aqui a sua tese e outras obras)
1950 - Tese de licenciatura (Geografia e Economia da Revolução de 1820)
1952 - "LER", Boletim Bibliográfico da Europa-América. (Chefe de redacção)
1952 - Grupo de Resistência Republicana Socialista - ASP (Não chega a aderir à ASP)
1956 - Co-fundador da SPE (em 1958/59 fazia parte da Direcção. Em 1993 a SPE deu lugar à APE)
1957 - Sócio da SPA
1957 - Sócio da E.V.C. (Enciclopédia da Vida Corrente, Ldª)
1958 - Campanha de H. Delgado
1958 - Sócio nº 219 da Liga Portuguesa dos Direitos do Homem
1960-01-12 - Demissão de tesoureiro e de suplente da Direcção da SPE
1961 - Programa para a Democratização da República (Foi um dos principais responsáveis)
1961-08-16 a 1961-11-03 - Prisão
1961-12-31 e 1962-01-01 - Golpe de Beja
___________________________________________________
EXÍLIO
1962-07 a 1974 - Argélia
- FPLN
___________________________________________________
1974 - Regresso a Portugal
1974 - Assessor da Comissão Administrativa do Concelho de Lisboa
1974 - Dirigente dos Centros Populares 25 de Abril
1974 - Membro da Comissão Organizadora do IV Centenário da morte de Damião de Góis
1974-05-29 a 1974-06-25 - Director-Geral da Cultura Popular e Espectáculos (na dependência do MCS, com Raul Rego)
1974 - Sócio nº 333 da APE (Associação Portuguesa de Escritores, fundada em 1973)
1974 - Sócio do Grémio Literário
1974-1975 - Director dos Serviços Culturais da CML
1974 a 1988 - Professor da FCSU da Universidade Nova de Lisboa
1974 a 1988 - Professor do Departamento de História da Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa
1975 - Membro da Comissão Consult. Literária da Imprensa Nacional/Casa da Moeda
1975 - Membro da Comissão Nacional de Eleições
1976-02 a 1989-04-12 - Director-Adjunto do "Diário de Lisboa"
1976-10-02 - Sócio da DIABRIL. Sociedade Cooperativa, Livraria e Discoteca
1977? - Membro de uma Comissão de Luta Anti-Fascista
1978 - Membro do Conselho Direct. da URAP - União de Resistentes Antifascistas Portugueses
1978-02 - Sócio nº 01335685 do Círculo de Leitores
1978-05-1978 a 1991 - Membro da Comissão do Livro Negro sobre o fascismo
1979 - Publicou "Raul Proença e a Alma Nacional".
1981 - Membro do Movimento Português Contra o Apartheid
1982 - Membro da Comissão Executiva da Comissão Nacional Portuguesa da Conferência Internacional de Solidariedade com os Estados da Linha da Frente
1982 - Membro da Comissão Organizadora do Colóquio "O Fascismo em Portugal". FLUL.
1982 (?) - Sócio da Associação Portuguesa de História
1983 - Membro da Direcção do Centro de História da Universidade de Lisboa.
1983 - Sócio da Sociedade Portuguesa de Estudos do Séc. XVIII
1984 - Membro do Comité Organizador do Seminário Internacional sobre a ideia Zuche
1984 - Participação no Colóquio "António Sérgio - o homem e a época"
1984-05-26 - Participação nas comemorações do 150º aniversário da Convenção de Évora-Monte
1985 a 1991 - Presidente da Comissão Executiva da AAP Coreia (em 1988 era Presidente do Directório)
1985-06-19 - Participação nas Conferências da Rádio (Antena 1. Programa 2, com António Reis e Jacinto Baptista), com um trabalho intitulado "Raul Proença e a Seara Nova"
1985-07-27 - Membro da Comissão Instaladora do Museu da República e da Resistência: (criação: Dl. 709-B/76 - por fusão da Comissão do Livro Negro com o Museu da República e da Resistência - extinção: Dl. 451/91)
1985-11-15 - Comissão de Especialistas para a análise científico-pedagógica da área do jornalismo e comunicação social (na dependência da D.G. do Ensino)
1985-12-16 - Participação na Conferência "Aquilino, um libertário republicano" (Conferência na BN - Ciclo sob o tema "Aquilino Ribeiro. Centenário do Nascimento")
1986 - Membro da Comissão Científica do Colóquio sobre o Estado Novo
1986 - Membro da Comissão Científica do II Encontro de Historiadores Portugueses e Soviéticos
1986-10-17 - Participação na Conferência "Teixeira Gomes, político e diplomata". Braga
1988-06-30 - Última licção na FLUL
1988-12-5/7 - Participação no Colóquio da Faculdade de Letras sobre Vieira de Almeida
1989 - Colaboração com a RTP no programa "Crónica do século"
1989
a 1990-02-20 - Membro da Direcção e do Conselho Editorial da nova Seara Nova (Direcção de SEAREIROS-Cooperativa Cultural Editora CRL)
1989? - Membro da Presidência e da Direcção do CPPC - Conselho Português para a Paz e Cooper.
1990 - Sócio do INES - Instituto de Estudos Sociais
1991-06-17 - Vogal da Comissão Municipal de Toponímia da CML
1992-09-28 - Morte
• Quadro de classificação
ED ( Entidade Detentora ) CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO 25 DE ABRIL ( CD25A )
GA ( Grupo de Arq. ) ARQUIVOS PRIVADOS
SGA ( Subgrupo de Arq. ) ARQUIVOS PESSOAIS
F ( Fundo ) PITEIRA SANTOS
SC ( Secção ) ACTIVIDADE PÚBLICA
SSC ( Subsecção ) DIRECTOR-GERAL DA CULT. POPUL. E ESPECTÁCUL. (1974-1975)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1974-1975)
SR ( Série ) RECORTES DE IMPRENSA (1974)
SR ( Série ) TEXTOS DIVERSOS (1974-1975)
SSC ( Subsecção ) DIRECTOR DOS SERVIÇOS CULTURAIS DA C.M.L. (1939-1985)
SR ( Série ) CONTABILIDADE (1974-1976)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1974-1976)
SR ( Série ) PROCESSOS (1968-1985)
SR ( Série ) TEXTOS DIVERSOS / Geral (1972-1978)
SR ( Série ) TEXTOS DIVERSOS / Várias Comissões (1939-1974)
SSC ( Subsecção ) PROFESSOR DA FACULDADE DE LETRAS DA U.L. (1971-1992)
SR ( Série ) CONGRESSOS / SEMINÁRIOS (1978-1988)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1974-1992)
SR ( Série ) CURRICULOS / RECURSOS (1971-1985)
SR ( Série ) DOCUMENTAÇÃO DE APOIO ÀS AULAS (1971-1992)
SR ( Série ) DOCUMENTAÇÃO DIVERSA (1974-1988)
SR ( Série ) DOCUMENTAÇÃO REFERENTE A CURSOS (1972-1990)
SR ( Série ) FICHAS BIBLIOGRÁFICAS (1971-1985)
SR ( Série ) FICHAS DE LEITURA (1971-1985)
SR ( Série ) LISTAS ELEITORAIS (1975-1979)
SR ( Série ) OFÍCIOS / CIRCULARES / CONVOCATÓRIAS (1974-1988)
SR ( Série ) PARECERES / DECLARAÇÕES / INFORMAÇÕES (1975-1988)
SR ( Série ) PROCESSO INDIVIDUAL DE PITEIRA SANTOS (1974-1989)
SR ( Série ) TRABALHOS DE ALUNOS (1971-1985)
SSC ( Subsecção ) MEMBRO DA COMISSÃO NACIONAL DE ELEIÇÕES (1970-1975)
SR ( Série ) ACTAS (1975)
SSR ( Subsérie ) Actas dactilografadas (1975)
SSR ( Subsérie ) Actas manuscritas (1975)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1975)
SR ( Série ) CREDENCIAIS (1975)
SR ( Série ) LEGISLAÇÃO (1974-1975)
SR ( Série ) ORDENS DO DIA (1975)
SR ( Série ) TERMOS DE POSSE (1975)
SR ( Série ) TEXTOS DE APOIO (1970-1975)
SSC ( Subsecção ) MEMBRO DA COMISSÃO DO LIVRO NEGRO (1927-1992)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1977-1991)
SR ( Série ) DOCUMENTAÇÃO DIVERSA (1978)
SR ( Série ) ENVELOPES (S.d.)
SR ( Série ) LEGISLAÇÃO E REGULAMENTOS (1976-1990)
SR ( Série ) MEMORANDOS (1986)
SR ( Série ) PROCESSOS INDIVIDUAIS (1927-1982)
SR ( Série ) RECEITAS E DESPESAS (1984-1990)
SR ( Série ) RECORTES DE IMPRENSA (1982-1990)
SR ( Série ) RELATÓRIOS (1963-1974)
SSR ( Subsérie ) Relatórios de escutas telefónicas (1973-1974)
SSR ( Subsérie ) Relatório à Junta Provincial de Pov. de Moçambique (1965-1968)
SSR ( Subsérie ) Relatório da Activ. Assist. do Distr. de Benguela (1963-1965)
SR ( Série ) TEXTOS DE APOIO A PUBLICAÇÕES DA COMISSÃO (1938-1990)
SR ( Série ) TEXTOS DIVERSOS (1927-1992)
SSC ( Subsecção ) MEMBRO COMIS. INSTAL. MUSEU REP. E RESIST. (1990-1992)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1991-1992)
SR ( Série ) LEGISLAÇÃO (1991)
SR ( Série ) RECORTES DE IMPRENSA (1990)
SR ( Série ) TEXTOS DIVERSOS (1991-1992)
SSC ( Subsecção ) MEMBRO COMIS. ESPECIALIST. DE JORNALISMO (1985-1986)
SR ( Série ) COMENTÁRIOS (1985?)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1985-1986)
SR ( Série ) FACTURAS (1986)
SR ( Série ) PARECERES (1986)
SR ( Série ) PROCESSOS (1985)
SR ( Série ) TEXTOS DIVERSOS (1985)
SSC ( Subsecção ) MEMBRO COMISSÃO DE TOPONÍMIA DA C.M.L. (1943-1992)
SR ( Série ) ACTAS (1943-1991)
SR ( Série ) AGENDAS DE REUNIÕES (1990-1991)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1990-1992)
SR ( Série ) DESPACHOS (1990)
SR ( Série ) PROPOSTAS (1990)
SR ( Série ) ROTEIROS (S.d)
SR ( Série ) TEXTOS DIVERSOS (1990-1991)
SC ( Secção ) ACTIVIDADE PRIVADA
SSC ( Subsecção ) COLABORADOR DA SEARA NOVA (1921-1992)
SR ( Série ) ACTAS (1985)
SR ( Série ) CONTABILIDADE (1975-1988)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA I a IV (1922-1992)
SR ( Série ) ESTATUTOS (S.d)
SR ( Série ) PROPOSTAS DE AGENDAS DE TRABALHOS (1985-1986)
SR ( Série ) SÚMULAS DE ASSUNTOS E DELIBERAÇÕES (1988)
SR ( Série ) TEXTOS DE COLABOR. DE PITEIRA S. NA SEARA NOVA (1949-1985)
SR ( Série ) TEXTOS DIVERSOS (1921-1988)
SSC ( Subsecção ) SÓCIO DA ENCICLOPÉDIA DA VIDA CORRENTE (1957)
SR ( Série ) ACTAS (1957-1959)
SSC ( Subsecção ) SÓCIO DA LIGA PORTUG. DOS DIREITOS DO HOMEM (1958-1960)
SR ( Série ) TEXTOS DIVERSOS (1958-1960)
SSC ( Subsecção ) SÓCIO DA CAIXA ECONÓMICA OPERÁRIA (1950-1993)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1950-1993)
SR ( Série ) DOCUMENTAÇÃO DIVERSA (1988)
SSC ( Subsecção ) COLABORADOR DA EUROPA-AMÉRICA (1947-1992)
SR ( Série ) CONTABILIDADE (1947-1987)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1950-1992)
SR ( Série ) DOCUMENTAÇÃO DIVERSA (?-1988)
SSC ( Subsecção ) SÓCIO DA SOCIEDADE PORTUG. DE ESCRITORES (1956-1963)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1956-1963)
SR ( Série ) DOCUMENTAÇÃO DIVERSA (1958?-1961)
SSC ( Subsecção ) SÓCIO DA ASSOCIAÇÃO PORTUG. DE ESCRITORES (1974-1992)
SR ( Série ) CONVOCATÓRIAS (1986-1991)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1974-1992)
SR ( Série ) DOCUMENTAÇÃO DIVERSA (1974-1991)
SSC ( Subsecção ) MILITANTE DA FPLN (1949-1998)
SR ( Série ) BLOCOS DE APONTAMENTOS (1949-1989)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1961-1974)
SR ( Série ) DOCUMENTOS DIVERSOS / GERAL (1962-1974)
SR ( Série ) DOCUMENTOS DIVERSOS / H. DELGADO (1958-1998)
SSR ( Subsérie ) Recortes de imprensa (1958-1998)
SSR ( Subsérie ) Telex (1965)
SSR ( Subsérie ) Textos diversos (1958-1995)
SSR ( Subsérie ) Textos processuais (1963-1990)
SSR ( Subsérie ) Vária (S.d.)
SSC ( Subsecção ) MILITANTE DOS CENTROS POPULARES 25 DE ABRIL (1974)
SR ( Série ) COMUNICADOS E PANFLETOS (1974)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1974)
SR ( Série ) TEXTOS DIVERSOS (1974)
SSC ( Subsecção ) MEMBRO COMIS. ORG. IV CENT. DAMIÃO DE GÓIS (1974-1978)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1975-1978)
SR ( Série ) DOCUMENTOS DIVERSOS (1974-1975)
SSC ( Subsecção ) MEMBRO COMIS. CONS. LIT. I.N./CASA DA MOEDA (1975-1979)
SR ( Série ) ACTAS (1975)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1975-1979)
SSC ( Subsecção ) JORNALISTA DO DIÁRIO DE LISBOA (1948-1991)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1975-1991)
SR ( Série ) DOSSIERS PARA A IMPRENSA (1948-1990)
SR ( Série ) DOCUMENTOS INTERNOS DO D.L. (1958-1991)
SR ( Série ) TEXTOS DE COLABORAÇÃO (1973-1990)
SSR ( Subsérie ) Textos de vários colaboradores (1973-1987)
SSR ( Subsérie ) Textos de Piteira Santos (1975-1990)
SSC ( Subsecção ) MILITANTE DA URAP (1974-1992)
SR ( Série ) CONVOCATÓRIAS (1986)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1974-1990)
SR ( Série ) RELATÓRIOS E CONTAS (1978-1991)
SR ( Série ) TEXTOS DIVERSOS (1975-1992)
SSC ( Subsecção ) MEMBRO COMISSÃO NACIONAL PORT. DA CISELF (1982-1983)
SR ( Série ) ACTAS (1982-1983)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1982-1983)
SR ( Série ) DOSSIER DE PARTICIPANTE (1982-1983)
SR ( Série ) TEXTOS DIVERSOS (1982)
SSC ( Subsecção ) SÓCIO SOCIEDADE PORT. ESTUDOS DO SÉC. XVIII (1983-1984)
SR ( Série ) CONVOCATÓRIAS (1983)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1983-1984)
SR ( Série ) ESTATUTOS (1983)
SR ( Série ) TEXTOS DIVERSOS (1983-1984)
SSC ( Subsecção ) MEMBRO ASSOC. AMIZADE PORTUGAL-COREIA (1979-1991)
SR ( Série ) ACTAS (1985)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1979-1991)
SR ( Série ) DOCUMENTAÇÃO DE VIAGENS (1988)
SR ( Série ) ESCRITURAS (1985)
SR ( Série ) ESTATUTOS (S.d.)
SR ( Série ) TELEX (S.d.)
SR ( Série ) TEXTOS DIVERSOS (1979-1988)
SSC ( Subsecção ) MEMBRO COMITÉ PORT. PARA A PAZ E COOPER. (1977-1992)
SR ( Série ) ACTAS (1986-1990)
SR ( Série ) CONVOCATÓRIAS (1978-1990)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA (1983-1992)
SR ( Série ) DOCUMENTAÇÃO DE ASSEMB. MUNDIAIS DA PAZ (1980-1991)
SR ( Série ) DOCUMENTAÇÃO DE CONFERÊNCIAS (1979-1984)
SR ( Série ) DOCUMENTAÇÃO DIVERSA (1977-1991)
SR ( Série ) ESTATUTOS (1980-1989)
SSC ( Subsecção ) AUTOR LITERÁRIO (1775-1994)
SR ( Série ) DOCUMENTAÇÃO DE APOIO (a Public. e outros trab.) (1775-1991)
SR ( Série ) FICHAS DE TRABALHO ( S.d. )
SR ( Série ) PROVAS TIPOGRÁFICAS (1978?-1989?)
SR ( Série ) TEXTOS DE COLABORAÇÃO (1947-1992)
SR ( Série ) TEXTOS DIVERSOS (1924-1994)
SSR ( Subsérie ) Apontamentos e Notas Soltas (S.d.
SSR ( Subsérie ) Colóquios (1975-1988)
SSR ( Subsérie ) Conferências (1976-1988)
SSR ( Subsérie ) Congressos / Encontros / Simpósios (1969-1994)
SSR ( Subsérie ) Debates / Palestras e Discursos (1977-1992)
SSR ( Subsérie ) Frefácios e Recenções (1973-1989)
SSR ( Subsérie ) Programas de rádio e televisão (1925-1991)
SSR ( Subsérie ) Seminários (1979-1986)
SSR ( Subsérie ) Textos c/ letra de Piteira S. mas podendo ser de outro autor (1974-1991)
SSR ( Subsérie ) Textos de Piteira Santos, sem contexto (1946-1991)
SSR ( Subsérie ) Textos de terceiros, oferecidos a Piteira Santos (1975-1991)
SSR ( Subsérie ) Textos de terceiros, sem contexto (1937-1982)
SSR ( Subsérie ) Textos não assinados e sem contexto (1924-1988)
SR ( Série ) TRADUÇÕES ( S.d.)
SSC ( Subsecção ) ASSUNTOS PESSOAIS (1913-1996)
SR ( Série ) AGENDAS (1959-1988)
SR ( Série ) CARTÕES DE BOAS-FESTAS (?-1996)
SR ( Série ) CARTÕES DE VISITA (?-1996)
SR ( Série ) CONTABILIDADE E GESTÃO (1949-1992)
SR ( Série ) CONVITES (?-1996)
SR ( Série ) CORRESPONDÊNCIA PESSOAL (1924-1996)
SR ( Série ) DOCUMENTAÇÃO DE VIAGENS (1959-1989)
SR ( Série ) DOCUMENTOS PESSOAIS (1913-1992)
SR ( Série ) ENDEREÇOS E TELEFONES (?-1996)
SR ( Série ) ENVELOPES VAZIOS (?-1996)
SC ( Secção ) DOCUMENTAÇÃO DIVERSA
SR ( Série ) AUTOCOLANTES (?-1996)
SR ( Série ) BLOCOS DE APONTAMENTOS (?-?)
SR ( Série ) BOBINES E CASSETES (?-1996)
SR ( Série ) COMUNICADOS E PANFLETOS (1910-1995)
SR ( Série ) CONDECORAÇÕES E OUTRAS HONRAS (1978-1992)
SR ( Série ) FOTOGRAFIAS (1900-1989)
SR ( Série ) MONOGRAFIAS (1821-1996)
SR ( Série ) OBJECTOS DE USO PESSOAL (?-1996)
SR ( Série ) PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS (1838-1995)
SR ( Série ) RECORTES DE IMPRENSA (?-19926
SR ( Série ) VÁRIA (?-1996)